O Barrense


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Meu amigo gorila

78 Vocês devem estar se perguntando qual o sentido dessa imagem, não é?! Bem, não têm. Ou você já presenciou esse curioso e nada rotineiro “cliente”, naquele seu restaurante favorito, na mesa de canto que você torce para não estar ocupada ao final do dia, trajando uma camisa polo da Lacoste, e acompanhado? Imaginei que não. Sabe o que é? Nada mais natural que levar seu melhor amigo para jantar. Desfrutar duma agradabilíssima companhia. E aqui se encaixa o gorila – se houver algum cão lendo isso, sinto lhe informar, mas não é apenas você o “melhor amigo do homem”. Ele não é humano. Tá, eu sei, é óbvio. Então, justamente por não ser humano as chances dele te frustrar são minimas. Posso afirmar: ele não vai te desapontar. Com o tempo você até esquece das relações humanas. Dica: mantenha “amigos” humanos ou você acabará num manicômio, conversar com animais não é completamente aceito pela sociedade moderna, a não ser quando você está sozinho com seu amigo-animal. A grande desvantagem é que você sempre pagará a conta. Mas você  já se perguntou quanto desembolsaria por uma relação sem inveja e egoísmo? Não tem preço, nesse caso, o jantar e o táxi para o zoológico.

Não sei como você tem andado, espero que com os pés, e de olhos bem abertos pra perceber como as coisas saíram dos eixos. Os humanos estão confundindo tudo. Jogaram os sentimentos num cesto de roupa suja e deixaram lá. Num canto. Como se fosse sem importância. E aqui retornamos ao gorila. Animais em geral costumam ser ótimos confidentes – a não ser gatos, eles não dão a mínima pra você, são humanos de quatro patas. Guardam segredo como ninguém – um papagaio talvez não. NÃO SÃO INTERESSEIROS. E retribuem afeto em dobro, sem cobrar nada em troca. Tua grande preocupação será o veterinário, a não ser que você seja um, esse será o único intruso na relação de vocês. Na verdade duas: a perda. Não, não envolve traição. Esqueci de avisar: eles são fiéis. Morreriam por você. Bem, a questão é que eles não são eternos. Os cães, por exemplo, nos deixam mais cedo do que deviam. Vê-los partir é do curso natural da vida. Lidar com a perda não será fácil. A dor será tua companhia em cada recordação. Esse vazio não será preenchido. Nunca. Será morada de boas lembranças. Uma casinha que você sempre poderá visitar. Ficar o tempo que quiser e ter a certeza que amizades não morrem. São eternizadas em nós.

Leve seu amigo pra jantar, mesmo que ele seja um gorila e contrarie as normas sociais.


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Mini Mundo: “Adultecer”

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Entre todos os componentes básicos da infância o que me causa maior apreço é a inocência. A inocência de acreditar em nossos sonhos. De acreditar nas promessas de nossos pais em que eles viverão até os duzentos anos. Que o mundo é realmente acolhedor e propiciará o melhor para nossas vidas. Somos inocentes até a primeira queda. Até nos depararmos com a vida: nua e crua. Sem filtros. A realidade e toda sua frieza. Este mundo para qual não fomos treinados – e há treino?

Lembro como se fosse ontem, devia ter em torno de sete anos, ainda impressionado com o mundo ao meu redor, e nutria uma possibilidade comigo: ganhar na loteria. Não me perguntem o porquê desse sentimento habitar a cabeça dum menino de sete anos, é realmente desolador – criança alguma devia se preocupar com dinheiro. “Um porco capitalista”, diriam os socialistas. Quase. O surpreendente é que minha maior duvida seria como dividir igualitariamente o dinheiro entre minha família. E entenda família por: pai, mãe, irmão, avós, tios, tias, primos. Você não imagina o quanto isso me perturbou. Não havia quantidade no mundo que me agradasse. Aquela quantia faraônica parecia interminável quando destinada a um vencedor, mas, quando fracionada, não passavam de grãos de areia. Minha preocupação era com minha família. Era OBRIGAÇÃO minha dividir aquela soma com todos, em partes iguais. E, ao compartilhar deste dever com adultos, eles diziam:

– Porque dividir? Eles que façam por merecer.

E há lógica: não se deve dar o peixe, mas ensinar a pescar.

Que façam. O trabalho dignifica a alma, disse o poeta. Mas porque soterrar esse sentimento nobre da “pobre” criança? De compartilhar e compreender que não é nada sozinha. Que família é a base de tudo e diz muito do que você é. Que ser feliz independe de dinheiro e suas quantias mirabolantes.

Na época o pequeno Eduardo não compreendia porque não devia dividir o prêmio da loteria com seus familiares. Na cabeça dele parecia tão natural ajudar seus familiares, mais do que isso, era seu desejo. Era, no passado.

Hoje entendo o que os adultos queriam dizer com “eles que façam por merecer”.  E me sinto imundo por entender e aceitar esse conceito. Cresci e perdi a inocência de acreditar nas pessoas e num mundo melhor. Me tornei egoísta e mesquinho, apenas desejo que meu dia termine bem. Se dividiria o prêmio da loteria com todos os meus familiares? Não. Não dividiria. E você não imagina o quanto isso dói. O quanto me odeio ao ver o que me tornei.

“Adultecer” é perigoso e nada desejável.

(Espero que aquele menino solidário tenha se perdido por um breve período de tempo. Espero que ele encontre o caminho e assuma o lugar de protagonista na minha vida. Espero)


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Manteiga de cacau

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Numa farmácia na rodoviária de Porto Alegre…

– Boa noite, pois não?
– Boa noite! Tens manteiga de cacau? (Já visualizando o tubo de manteiga de cacau, próximo a máquina registradora)
– Claro. Do Inter ou do Grêmio?
– Grêmio.
– Tem certeza?
– Porque não teria?
– Dizem que essa cai a boca.
– E a outra?
– A cura de todos teus males.
– E custa quanto?
– Três e… – não o deixo completar a frase.
– Três cruzeiros? Amargo, hein?!
– Engraçadinho…
– Qual o valor dela mesmo?
– Três REAIS e noventa centavos.

[pego o tubo do Grêmio e pago o valor]

– Pode ficar com o troco.
– Obrigado. Mas antes de ir embora, posso me certificar de uma coisa?
– Diga.
– Tens certeza da tua escolha? Quer trocar? Pense bem, não é sempre que abro essa exceção, mas o teu caso é especial.
– Na vida só tenho três certezas: na morte; no amor; e na defesa do Grêmio.
– Logo a defesa?
– O melhor ataque é a defesa.
– Inclui goleiro?
– Claro!
– E tu confia no Grohe?
– Tanto quanto tu confia no Dida.
– Sempre tenho um pé atrás com goleiros, com o Dida tenho os dois.
– Nenhum outro jogador transita como o goleiro entre a santificação e o abismo, às vezes de um instante para o outro.
– Concordo. Diacho de posição ingrata. Só os centroavantes se equiparam a eles.
– Não me fala em centroavante.
– O pirata da perna de pau?
– De olho de vidro… Ele mesmo. Pagamos uma fortuna por esse desalmado, por essa gangrena gasosa, espírito sem luz.
– Não vale um tostão furado. Uma uva.
– Uma? Aquilo é um parreiral. É um Dimba com grife.

Então surge outro cliente, e o atendente prontamente vai atende-lo.

– Vou te deixar trabalhar.
– Certo, e boa sorte com o Barcos.

Pensei: “sorte? Tai uma coisa que deve ser antagônica ao grêmio. Ou abandonou o clube por completo, ao menos na ultima década.”


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O que o inferno de Dante reserva aos corruptos?

A genial obra do escritor Dante Alighieri, a divina comédia humana, revela a expiação que afligirá uma série de pecadores. Veja qual flagelo caberá aos corruptos.

Em sua obra a “Divina Comédia”,  o escritor italiano Dante Alighieri modificou o pensamento humano  e alterou, de sobremaneira,  a cultura cristã moderna. E suas descrições acerca do ‘inferno” e do “céu” dominam o inconsciente coletivo da maior parte das pessoas.

Com as alegorias literárias deste gênio pudemos visualizar um cenário nebuloso e temido: o inferno. A própria noção de que o inferno é cheio de fogo e piche ardente vem da mente deste brilhante escritor. E sua obra ficou mais popularmente conhecida como o “inferno de Dante”.

Em linhas gerais, “A Divina Comédia” descreve uma viagem de Dante através do inferno, purgatório e paraíso. Sem nos esterdemos muito, e não é este o objetivo do ensaio, o inferno está dividido em nove ciclos; que por sua vez estão dividos em fossos.

Cada ciclo e seus fossos correspondentes são destinados a um tipo de pecado específico e com uma forma diferente de expiaçao (puniçao da culpa).  Assim, da leitura desta obra percebe-se que o ciclo destinado aos corruptos é o oitavo.

Neste, o Inferno chama-se Malebolge (fraude) e é descrito como sendo todo em pedra da cor do erro, assim como a muralha que o cerca. Aqui estão os fraudulentos. O Malebolge, por sua vez,  está dividido em dez fossos(ou Bolgias).

O Quinto Fosso é o local destinado àqueles que desviaram o dinheiro público deixando às populações sem atendimento médico, merenda escolar e saneamento básico, dentre outros. É a Vala dos corruptos. Nela os corruptos estão submergidos em um piche fervente; os que tentam ficar com a cabeça acima do caldo são atingidos por flechas atiradas por demônios.

Em vida, os corruptos tiraram proveito da confiança que a sociedade depositava neles; no inferno estão submersos em caldos, escondidos, pois suas negociações eram feitas às escondidas. Um ótima perspectiva para àqueles que assassinaram gerações com seus atos ímprobos.

A vida e obra de Dante Alighieri

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Dante nasceu em Florença em 1º de junho de 1265 e faleceu em Rávena no dia 14 de setembro de 1321. Foi um  escritor, poeta e político italiano. Sendo considerado o primeiro e maior poeta da língua italiana, definido como il sommo poeta (“o sumo poeta”).

As crenças populares cristãs adaptaram muito do conceito de Dante sobre o inferno, o purgatório e o paraíso, como por exemplo o fato de cada pecado merecer uma punição distinta no inferno.

O poema chama-se “Comédia” não por ser engraçado mas porque termina bem (no Paraíso). Era esse o sentido original da palavra Comédia, em contraste com a Tragédia, que terminava, em princípio, mal para os personagens.


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Anjo ou demônio?

Trecho de noticia do dia 07 de abril, um pacato domingo:

“Doze civis morreram no sábado, durante um ataque aéreo das forças comandadas pelos americanos numa aldeia do distrito de Shigal, província de Kunar, junto à fronteira com o Paquistão. Segundo a Reuters, os mortos são 11 crianças e uma mulher. Seis outras mulheres ficaram feridas.”

Estarrecedor, não?

Há quem afirme que Obama é um anjo, salvador da classe oprimida, obviamente cidadãos americanos, porém, do outro lado do globo, julgam-no como demônio, carrasco entre outras denominações.

Em passado recente, o Presidente da super potencia norte americana, Barack Obama, chorou ao receber a notícia do massacre na cidade de Newtown, em Connecticut, quando um jovem norte-americano, Adam Lanza, de 20 anos, matou 26 pessoas em uma escola primária, sendo 20 crianças de 6 e 7 anos, além de sua mãe, morta minutos antes da chacina na própria casa.
Na televisão, em cadeia nacional, Barack Obama verteu lágrimas como um verdadeiro crocodilo. Como é possível chorar pelas 20 crianças covardemente assassinadas em Connecticut e ao mesmo tempo ordenar a chacina de milhares de crianças no Afeganistão, Paquistão, Iraque, Líbia, Palestina, Síria, entre outros países?

Nenhuma dos milhares de vítimas inocentes das guerras promovidas pelos EUA mereceu uma gota de lágrima do atual mandatário estadunidense ou de seus antecessores. O processo de relativização da vida humana segue a passos largos.

Moazzam Begg, ex-detento de Guantánamo e porta-voz Cageprisoners (Oganização cujo objetivo é ajudar os detidos ou mortos ilegalmente como parte da guerra global ao terror.) manifestou sua opinião em relação a Obama:

– Mudança de Bush para Obama? A mudança é de detenções extrajudiciais para mortes extrajudiciais. Obama prometeu transformar a América. Elas estão acontecendo. Mortes extrajudiciais – disse Moazzam.

Realmente é terrível essa guerra “clean” dos drones estadunidenses, “clean” e cínica, pois classifica essas crianças mortas de “danos colaterais.”.

A “fonte” de tanto ódio é conhecida por todos. O famoso “mundo árabe”. Lar de “terroristas”. Ao utilizarmos o termo “mundo árabe”, rotulamos e definimos a existência de dois mundos, o nosso e o deles. E o que acontece lá, no deles, não nos importa tanto. Como se fossem menos humanos.
Dentro desse “mundo árabe” nós tendemos a colocar não só os povos árabes, mas todos os persas, os afegãos e muitos outros povos. Povoamos também esse mundo com todos os muçulmanos do planeta.
Acredito que essas divisões artificiais como mundo árabe ou a dicotomia entre oriente e ocidente só sirvam para aumentar nossos preconceitos e nossa ignorância sobre a complexidade enorme de povos, religiões e culturas.
E assim, jogando todos num mundo diferente, fica bem mais fácil de bombardeá-los.

“Os inocentes mortos no Iêmen – ou no Afeganistão, ou no Iraque – têm escasso valor, quando comparados aos inocentes mortos no Ocidente. São vítimas invisíveis, ignoradas no mundo — choradas apenas num canto que para nós, ocidentais, não é nada.” Paulo Nogueira.

Em 2001, quando Obama nem sonhava em ser presidente dos EUA, o jornalista e escritor Werneck de Castro, da Folha de São Paulo, desvendava o mistério opinando: “Conflitos constantes são necessários, periodicamente, para alimentar o rendoso “business” das armas e testar as inovações tecnológicas na arte do extermínio em massa”. Este sim, é o verdadeiro nó da questão, não as lágrimas do presidente. Neste caso, o tiro está saindo literalmente pela culatra, com a ‘criatura’ se voltando contra seu próprio criador (Exemplos: massacre em Connecticut e atentado em Boston).

E pensar que Barack Obama, o homem que há menos de um ano conduz os destinos da superpotência Estados Unidos, é agraciado com o Prêmio Nobel da Paz logo no seu primeiro ano de mandato.

Obama, Obama. Você será reconhecido por anjo da morte? O mercador de almas?


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O Papa sabe e Steven Spielberg sabe, mas e você?

Segue abaixo estarrecedora declaração do Papa sobre nossa realidade.

Entre todos os males que afligem o mundo, o Papa dedicou especial atenção aos “focos de tensão e conflito causados por crescentes desigualdades entre ricos e pobres, pelo predomínio duma mentalidade egoísta e individualista que se exprime inclusivamente por um capitalismo financeiro desregrado”.

Ate as pedras do vaticano sabem de nosso atual cenário no planeta terra. Os coroinhas sabem. Steven Spielberg e seu seriado Terra Nova sabem. O que nos, dissimuladamente, não sabemos? Qual nosso pecado capital? O que Spielberg esta tentando nos dizer nas entrelinhas? A incessante e irracional caminhada da humanidade para o abismo. Um destino, naturalmente, sem volta.

O que o Papa falou aos quatro cantos? Apenas elucidou nossa atual faceta capitalista. Obviamente por viés cristão. Ressaltando suas perspectivas sob interesse católico. Sera o medo católico de perder fiéis para o pagão Deus Monetário? Talvez.  Mas, curiosamente, Bento XVI não vendou seus olhos perante tal atrocidade. Ele condena tais atitudes do homem moderno. O fascínio humano em torno do capitalismo. Amor declarado ao capital. Esse nauseante e polarizado sistema predominante no globo terrestre que poucos são os agraciados. Os delírios estatais e empresarias visando lucro exacerbado, causam o flagelo da sociedade, deturpação de direitos e deveres.  A resultante deste voraz capitalismo sera, como via de regra, o ser humano corrompido pela ganância e avareza. Uma realidade mundana, tão humana que padeço sob desconfiança de não merecermos paraíso ou segunda chance.

O modelo capitalista, no qual estamos inseridos alimenta uma sociedade em completa desarmonia. O elevado nível de concentração monetária resulta em discrepância entre camadas sociais. Estes gargalos sociais remetem no bem estar comum da sociedade – negativamente.
Capitalismo e seu trem descarrilado, pois, o consumo desenfreado, crescimento populacional desordenado, que é interessante, sob viés capitalista, pois eleva o consumo, mas, em contra partida, eleva níveis de poluição, acumulo de riquezas, exploração da classe proletariado, recursos naturais, estrutura social. Uma infinidade de efeitos colaterais intrínsecos a existência do modelo capitalista. O trem e seu maquinista alucinado por lucro exorbitante. Em busca do quimérico devaneio capitalista: El Dorado.
Manter padrão de consumo, desregrado e desnecessário, requer produção em níveis alarmantes. Este assombro carece da utilização de meios naturais finitos para atender demandas de produção. Se estes recursos são escassos e não regenerativos, devíamos encontrar soluções sustentáveis de produção. Porém, sustentável não esta na cartilha capitalista. O sustentável requer tempo, e tempo é dinheiro.
Não há flerte entre capitalismo e equilíbrio. Haverá, esta na inquietude do sistema a pressão por mais e mais. E essa “corrida pelo ouro” acaba gerando condutas irresponsáveis, que virão a gerar crises. Portanto, a glorificação do capital não possui apelo sustentável.

Os conceitos de sociedade estão deturpados. O capitalismo instiga o ser a se corromper. Já dizia Jean-Jacques Rousseau “o homem nasce bom e a sociedade o corrompe”.
Pergunto-me em qual sociedade estamos inseridos. Quais nossas ideologias de convivência? Desejamos a sociedade utópica, uma segunda chance no jardim do Éden. Mas não nos damos conta de nossas atitudes. Há paraíso para raça humana? Apenas em devaneios.
Nossa liberdade em termos. Acorrentados em ideologias, discutíveis. Marionetes de nós mesmos. Uma triste realidade, somos conclusões de titulo. Garrafas sem mensagens. Vidas vazias.

Se Bento XVI nos cativou com seu discurso realista, Steven Spielberg encanta por sua genialidade cinematográfica apocalíptica. Neste caso o seriado “Terra Nova”.

A história: no ano de 2149, a Terra é um planeta moribundo graças ao nosso desleixo com o meio-ambiente. O ar é praticamente irrespirável, os recursos naturais estão esgotados e um rígido controle populacional tenta manter um mínimo de (baixa) qualidade de vida para os humanos. O futuro da humanidade corre risco e sua única chance de sobrevivência está no passado. Quando cientistas descobrem uma fenda no tempo que permite voltar aos tempos primitivos, eles decidem tentar reconstruir a humanidade a partir do passado e, dessa vez, ter sucesso. Como o próprio seriado diz: “Quem controla o passado, controla o futuro”. Porem, apenas felizardos ganharam seus passaportes. Seja por sorteio, seja por meritocracia. A viagem e realizada em fenda temporal levando-os ao passado. O planeta, agora denominado Terra Nova, deve ser repovoado sob-condições sustentáveis. Ou seja, repelindo experiências passadas. Aprendemos com nossos erros e não os repetimos.
Aparentemente não ha figura de circulação monetária para adquirir bens. A forma de energia, se não me engano, é eólica. O trabalho é comunitário, em conjunto, priorizando avanço sustentável da colônia. Mas ha hierarquia entre membros desta sociedade. A começar por líder “militar” passando por seus subordinados e chegando ao povoado com agricultores e feirantes. Claro, o grande chamariz do seriado trata-se de uma era onde os dinossauros reinavam sobre o planeta. Para tanto, ha presença de armas, limites territoriais e liberdade em termos.

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As bases do seriado Spielberg são infundadas? Tão rasas quanto poças de água? De acordo com estudos recentes, não.
A crescente população mundial e o consumismo ameaçam a saúde do planeta, alerta a organização ambientalista Fundo Mundial para a Natureza (WWF), que divulgou relatório sobre a saúde da Terra no ano de 2012.
De acordo com o estudo, “se todos vivessem como um morador típico dos EUA, seriam necessários quatro planetas Terra para regenerar a demanda anual da humanidade imposta à natureza”. O WWF afirma ainda que “se a humanidade vivesse como um habitante comum da Indonésia (com uma pegada aproximada de 1 hectare global por habitante), apenas 2/3 da biocapacidade do planeta seriam consumidos.

Spielberg desta vez foi longe, deu asas à imaginação. Explorou a inquietude humana. Ha possibilidade de viagem no tempo? Sabemos que para o futuro sim, mas para o passado cientistas refutam qualquer possibilidade. Steven nos provoca com sua genialidade, a quimera humana de modificar o passado visando o futuro alterado. Alem disso dimensionou provável futuro humano. A ruína por negligencia sustentável e má interação com meio ambiente do qual somos dependentes.

Nos é apresentado viés quase que utópico, por questões racionais. Cientistas refutam possibilidade de viajem no tempo, seja por maquina ou fenda. Outra solução aparente seria planetas habitáveis, porém, mesmo se houvessem, estão a milhares de anos luz de distancia.  E logicamente não possuímos tecnologia para abrirmos portais do tempo, quiçá naves que rompam a velocidade da luz.

Nas entrelinhas Spielberg vocifera que devemos rever nossas atitudes. Hoje somos hospedes indesejáveis. Não sabemos cuidar de nosso lar. Quiçá viver em sociedade. A hipocrisia em torno de um planeta autossustentável sem ferir o meio ambiente esta intolerante, intragável. Ainda não percebemos os sinais? O clima débil. Catástrofes naturais em grandes proporções. Eco sistemas complexos e vitais em extinção. O planeta esta revoltando se contra nos. Temo por não haver salvação.

Posso e devo estar redondamente enganado, mas não ha Terra Nova, não ha uma segunda chance.