O Barrense


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O Papa sabe e Steven Spielberg sabe, mas e você?

Segue abaixo estarrecedora declaração do Papa sobre nossa realidade.

Entre todos os males que afligem o mundo, o Papa dedicou especial atenção aos “focos de tensão e conflito causados por crescentes desigualdades entre ricos e pobres, pelo predomínio duma mentalidade egoísta e individualista que se exprime inclusivamente por um capitalismo financeiro desregrado”.

Ate as pedras do vaticano sabem de nosso atual cenário no planeta terra. Os coroinhas sabem. Steven Spielberg e seu seriado Terra Nova sabem. O que nos, dissimuladamente, não sabemos? Qual nosso pecado capital? O que Spielberg esta tentando nos dizer nas entrelinhas? A incessante e irracional caminhada da humanidade para o abismo. Um destino, naturalmente, sem volta.

O que o Papa falou aos quatro cantos? Apenas elucidou nossa atual faceta capitalista. Obviamente por viés cristão. Ressaltando suas perspectivas sob interesse católico. Sera o medo católico de perder fiéis para o pagão Deus Monetário? Talvez.  Mas, curiosamente, Bento XVI não vendou seus olhos perante tal atrocidade. Ele condena tais atitudes do homem moderno. O fascínio humano em torno do capitalismo. Amor declarado ao capital. Esse nauseante e polarizado sistema predominante no globo terrestre que poucos são os agraciados. Os delírios estatais e empresarias visando lucro exacerbado, causam o flagelo da sociedade, deturpação de direitos e deveres.  A resultante deste voraz capitalismo sera, como via de regra, o ser humano corrompido pela ganância e avareza. Uma realidade mundana, tão humana que padeço sob desconfiança de não merecermos paraíso ou segunda chance.

O modelo capitalista, no qual estamos inseridos alimenta uma sociedade em completa desarmonia. O elevado nível de concentração monetária resulta em discrepância entre camadas sociais. Estes gargalos sociais remetem no bem estar comum da sociedade – negativamente.
Capitalismo e seu trem descarrilado, pois, o consumo desenfreado, crescimento populacional desordenado, que é interessante, sob viés capitalista, pois eleva o consumo, mas, em contra partida, eleva níveis de poluição, acumulo de riquezas, exploração da classe proletariado, recursos naturais, estrutura social. Uma infinidade de efeitos colaterais intrínsecos a existência do modelo capitalista. O trem e seu maquinista alucinado por lucro exorbitante. Em busca do quimérico devaneio capitalista: El Dorado.
Manter padrão de consumo, desregrado e desnecessário, requer produção em níveis alarmantes. Este assombro carece da utilização de meios naturais finitos para atender demandas de produção. Se estes recursos são escassos e não regenerativos, devíamos encontrar soluções sustentáveis de produção. Porém, sustentável não esta na cartilha capitalista. O sustentável requer tempo, e tempo é dinheiro.
Não há flerte entre capitalismo e equilíbrio. Haverá, esta na inquietude do sistema a pressão por mais e mais. E essa “corrida pelo ouro” acaba gerando condutas irresponsáveis, que virão a gerar crises. Portanto, a glorificação do capital não possui apelo sustentável.

Os conceitos de sociedade estão deturpados. O capitalismo instiga o ser a se corromper. Já dizia Jean-Jacques Rousseau “o homem nasce bom e a sociedade o corrompe”.
Pergunto-me em qual sociedade estamos inseridos. Quais nossas ideologias de convivência? Desejamos a sociedade utópica, uma segunda chance no jardim do Éden. Mas não nos damos conta de nossas atitudes. Há paraíso para raça humana? Apenas em devaneios.
Nossa liberdade em termos. Acorrentados em ideologias, discutíveis. Marionetes de nós mesmos. Uma triste realidade, somos conclusões de titulo. Garrafas sem mensagens. Vidas vazias.

Se Bento XVI nos cativou com seu discurso realista, Steven Spielberg encanta por sua genialidade cinematográfica apocalíptica. Neste caso o seriado “Terra Nova”.

A história: no ano de 2149, a Terra é um planeta moribundo graças ao nosso desleixo com o meio-ambiente. O ar é praticamente irrespirável, os recursos naturais estão esgotados e um rígido controle populacional tenta manter um mínimo de (baixa) qualidade de vida para os humanos. O futuro da humanidade corre risco e sua única chance de sobrevivência está no passado. Quando cientistas descobrem uma fenda no tempo que permite voltar aos tempos primitivos, eles decidem tentar reconstruir a humanidade a partir do passado e, dessa vez, ter sucesso. Como o próprio seriado diz: “Quem controla o passado, controla o futuro”. Porem, apenas felizardos ganharam seus passaportes. Seja por sorteio, seja por meritocracia. A viagem e realizada em fenda temporal levando-os ao passado. O planeta, agora denominado Terra Nova, deve ser repovoado sob-condições sustentáveis. Ou seja, repelindo experiências passadas. Aprendemos com nossos erros e não os repetimos.
Aparentemente não ha figura de circulação monetária para adquirir bens. A forma de energia, se não me engano, é eólica. O trabalho é comunitário, em conjunto, priorizando avanço sustentável da colônia. Mas ha hierarquia entre membros desta sociedade. A começar por líder “militar” passando por seus subordinados e chegando ao povoado com agricultores e feirantes. Claro, o grande chamariz do seriado trata-se de uma era onde os dinossauros reinavam sobre o planeta. Para tanto, ha presença de armas, limites territoriais e liberdade em termos.

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As bases do seriado Spielberg são infundadas? Tão rasas quanto poças de água? De acordo com estudos recentes, não.
A crescente população mundial e o consumismo ameaçam a saúde do planeta, alerta a organização ambientalista Fundo Mundial para a Natureza (WWF), que divulgou relatório sobre a saúde da Terra no ano de 2012.
De acordo com o estudo, “se todos vivessem como um morador típico dos EUA, seriam necessários quatro planetas Terra para regenerar a demanda anual da humanidade imposta à natureza”. O WWF afirma ainda que “se a humanidade vivesse como um habitante comum da Indonésia (com uma pegada aproximada de 1 hectare global por habitante), apenas 2/3 da biocapacidade do planeta seriam consumidos.

Spielberg desta vez foi longe, deu asas à imaginação. Explorou a inquietude humana. Ha possibilidade de viagem no tempo? Sabemos que para o futuro sim, mas para o passado cientistas refutam qualquer possibilidade. Steven nos provoca com sua genialidade, a quimera humana de modificar o passado visando o futuro alterado. Alem disso dimensionou provável futuro humano. A ruína por negligencia sustentável e má interação com meio ambiente do qual somos dependentes.

Nos é apresentado viés quase que utópico, por questões racionais. Cientistas refutam possibilidade de viajem no tempo, seja por maquina ou fenda. Outra solução aparente seria planetas habitáveis, porém, mesmo se houvessem, estão a milhares de anos luz de distancia.  E logicamente não possuímos tecnologia para abrirmos portais do tempo, quiçá naves que rompam a velocidade da luz.

Nas entrelinhas Spielberg vocifera que devemos rever nossas atitudes. Hoje somos hospedes indesejáveis. Não sabemos cuidar de nosso lar. Quiçá viver em sociedade. A hipocrisia em torno de um planeta autossustentável sem ferir o meio ambiente esta intolerante, intragável. Ainda não percebemos os sinais? O clima débil. Catástrofes naturais em grandes proporções. Eco sistemas complexos e vitais em extinção. O planeta esta revoltando se contra nos. Temo por não haver salvação.

Posso e devo estar redondamente enganado, mas não ha Terra Nova, não ha uma segunda chance.