O Barrense


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Mini Mundo: “Adultecer”

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Entre todos os componentes básicos da infância o que me causa maior apreço é a inocência. A inocência de acreditar em nossos sonhos. De acreditar nas promessas de nossos pais em que eles viverão até os duzentos anos. Que o mundo é realmente acolhedor e propiciará o melhor para nossas vidas. Somos inocentes até a primeira queda. Até nos depararmos com a vida: nua e crua. Sem filtros. A realidade e toda sua frieza. Este mundo para qual não fomos treinados – e há treino?

Lembro como se fosse ontem, devia ter em torno de sete anos, ainda impressionado com o mundo ao meu redor, e nutria uma possibilidade comigo: ganhar na loteria. Não me perguntem o porquê desse sentimento habitar a cabeça dum menino de sete anos, é realmente desolador – criança alguma devia se preocupar com dinheiro. “Um porco capitalista”, diriam os socialistas. Quase. O surpreendente é que minha maior duvida seria como dividir igualitariamente o dinheiro entre minha família. E entenda família por: pai, mãe, irmão, avós, tios, tias, primos. Você não imagina o quanto isso me perturbou. Não havia quantidade no mundo que me agradasse. Aquela quantia faraônica parecia interminável quando destinada a um vencedor, mas, quando fracionada, não passavam de grãos de areia. Minha preocupação era com minha família. Era OBRIGAÇÃO minha dividir aquela soma com todos, em partes iguais. E, ao compartilhar deste dever com adultos, eles diziam:

– Porque dividir? Eles que façam por merecer.

E há lógica: não se deve dar o peixe, mas ensinar a pescar.

Que façam. O trabalho dignifica a alma, disse o poeta. Mas porque soterrar esse sentimento nobre da “pobre” criança? De compartilhar e compreender que não é nada sozinha. Que família é a base de tudo e diz muito do que você é. Que ser feliz independe de dinheiro e suas quantias mirabolantes.

Na época o pequeno Eduardo não compreendia porque não devia dividir o prêmio da loteria com seus familiares. Na cabeça dele parecia tão natural ajudar seus familiares, mais do que isso, era seu desejo. Era, no passado.

Hoje entendo o que os adultos queriam dizer com “eles que façam por merecer”.  E me sinto imundo por entender e aceitar esse conceito. Cresci e perdi a inocência de acreditar nas pessoas e num mundo melhor. Me tornei egoísta e mesquinho, apenas desejo que meu dia termine bem. Se dividiria o prêmio da loteria com todos os meus familiares? Não. Não dividiria. E você não imagina o quanto isso dói. O quanto me odeio ao ver o que me tornei.

“Adultecer” é perigoso e nada desejável.

(Espero que aquele menino solidário tenha se perdido por um breve período de tempo. Espero que ele encontre o caminho e assuma o lugar de protagonista na minha vida. Espero)


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Ota e Fu, as formigas sul-americanas

Duas formigas sul-americanas conversam…

– Cara, o que você tá fazendo parado no meio da manifestação?
– O mesmo que tu!
– Não entendi.
– Apenas observando.
– Hum… Sei. Mas me conta, o que tu estas achando das manifestações?
– Complicado. Uma parcela diz que os Gafanhotos sabem do nosso vasto manancial de trigo e o querem tirar proveito dele. O restante diz que estamos em uma ditadura. Que vivemos sob constante repressão e sem liberdade alguma. Ainda não me posicionei. É preciso estar a par dos fatos…
– Exato. Os gafanhotos do norte dizem que não vivemos uma democracia, será que estão corretos?
– Aí que mora a questão. No bico do lápis, sim, vivemos em uma democracia. Mas algumas questões deixam a desejar.
– Verdade. E os interesses dos gafanhotos?
– Outro ponto a ponderar. Dizem que eles odeiam nosso atual modelo de sociedade. Querem extermina-lo. E impor o deles. E só assim seremos realmente livres.
– Já ouvi falar. A filosofia deles é inversamente proporcional a nossa. Dois mundos distintos.
– Isso mesmo.
– Se pudéssemos unir o bom de cada um…
– Seria bom demais pra ser verdade.
– Pois é, nenhum dá o braço a torcer. Uma eterna queda de braço. Os gafanhotos acreditam piamente em seu modelo. E quanto a nós, formigas, sequer criticamos o nosso, apenas trabalhamos para suprir as demandas do rigoroso inverno.
– Bom mesmo é a vida da cigarra, sem bandeira, patriotismo e trabalho só para se manter. Na próxima encarnação quero ser uma cigarra.
– Cara, encarnação? Você não é formiguez?
– É… Não!
– Nunca tinha conhecido uma formiga cigarriana. Diferente…
– Pois é, hehe, tem louco pra tudo, né?!
– Ô se tem… Caramba!, perdi a noção do tempo. Terminou meu intervalo de almoço. Tenho que ir ou meu chefe reduz meu açúcar mensal.
– O tempo passou voando. Também vou nessa. Prazer, Fu.
– O prazer foi todo meu, Ota.


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Apresentado a realidade

A triste realidade que balançou minhas estruturas emocionais. Não se trata de fantasia. Sem era uma vez e impossível ou improvável final feliz.
Por ironia do destino, este historia teve inicio em lugar incomum: Faculdade privada, mas com projeto social. Ou seja, polarização das atuais sociedades brasileiras. Enquanto parcela minoritária da sociedade esbanja poderio econômico, outros catam migalhas publicas. Completo descaso da união para com seu povo. Ambos representando a desigualdade social abismal que estamos inseridos.

Sem mais rodeios…

Eu e mais três colegas tínhamos de realizar um trabalho voltado a projetos sociais. Por preguiça ou algo semelhante, fomos na própria universidade. Mal sabíamos, mas ali, pelo menos eu, fui apresentado à realidade, nua e crua.
Realizamos conversa informal e descontraída com alunos para saber o que almejavam. O que esperavam do seu futuro. Respostas mais do que conhecidas, como: jogador de futebol; astronauta; bombeiro; medico; atriz; modelo. Uma fugiu da normalidade, nos fulminou. Acertou em cheio nosso microuniverso capitalista. Um menino, com idade girando em torno de onze anos nos relatou:

– Meu sonho é ter um cavalo, carroça e catar latinhas. Onde moro quem os tem é rico. – disse ele, sem pestanejar.

Acusamos o golpe. O silencio se impôs.

– Mas você não quer ser igual seus coleguinhas? – Rebatemos.

– Não adianta tio! Nunca ninguém foi isso na comunidade. – concluiu.

O garoto pôs fim a efêmera conversa. Um cruzado nos fez beijar a lona.

Não estou julgando o valor moral da profissão. Mas o sonho de uma criança. Preocupada com seu futuro e o que deseja ser “quando crescer”. O pequenino na contramão da constituição infantil: Crianças não devem se preocupar.
Crianças simplesmente vivem a plenitude da vida. Deveriam desbravar sua imaginação fértil, brincar, correr. Ter direito a ensino de qualidade, segurança onipresente e sistema de saúde qualificado e de fácil acesso.
Em algum momento nos perdemos. Estes direitos lhes são negados. Crianças tornam-se homens, país de família prematuramente. Meninas tornam-se mães em piscar de olhos.

***

O poema abaixo retrata o quão bela era nossa infância, ou deveria ser. Momento nostálgico:

Saudade de:

Quando meu único medo era o escuro

Minha unica preocupação meu brinquedo quebrado

Minha unica dor era do joelho ralado

O destino nos prega peças. Um pequenino carregando fardo além de sua capacidade. Adulto em pele de criança. Ele sabe que o futuro o espreita, sordidamente. Tramando contra si algo maléfico. Ele acostumasse um pouco mais a esta realidade – é claro que nunca poderia acostumasse inteiramente. O tempo passa e nada muda o encontro é  inevitável.

***

Nenhuma criança deve sofrer com síndrome do adulto: preocupação. Especialização precoce é pular etapas.O menino sofria desta precoce “adultice”, triste realidade. Ele não tinha expectativas de estudar, sair do seu mundo. Ali era seu mundo. A comunidade. Seu microuniverso as margens da sociedade. Um cavalo esta para o menino como um carro esta para o burguês em miniatura.

A disparidade colossal entre classes é visível a olho nu. Mas carece de olhar especifico. A realidade do mundo exterior vista por todos, sem vendas, causa transtorno em nosso âmago.

Esta a realidade humana. De maneira alguma desumana, pois este ser provido de inteligência, superior aos demais, construiu sua ruína. Criamos nosso monstro e não podemos lamentar se ele derrubar alguns prédios. Nosso Frankenstein, nosso Godzilla, repleto de idiossincrasias capitalistas.

Abri meus olhos a uma realidade diferente. Sem cor. Sem final feliz. Um paraíso as avessas.

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O Sonho Americano. Sonho?

Desde o inicio, o continente americano surgiu, aos olhos dos europeus, como um Novo Mundo, uma terra de oportunidades infinitas. Os poderosos viam aí a possibilidade de efetuarem conquistas ou alargarem impérios. Os desafortunados e perseguidos, que pretendiam paz, liberdade e tolerância religiosa, viam nas Américas a possibilidade de escaparem à ordem social do Velho Continente, que os rejeitava e humilhava. Para todos, a América representava a esperança de um engrandecimento.

Na perspectiva de certos grupos religiosos, nomeadamente os Puritanos, a América era a Terra Prometida, destinada por Deus para seu proveito. Era um território selvagem, e , portanto puro, embora por vezes adverso, uma dádiva divina aos eleitos. Porque selvagem, a América era ainda um hipótese de recomeço no Paraíso.
Os peregrinos do Mayflower, que em 1620 estabeleceram a primeira colônia em território norte-americano, eram Puritanos.

Por outro lado, a América foi também vista como o espaço onde se podia ensaiar a utopia. Representava a oportunidade de se criar uma sociedade justa, fraterna e tolerante, sem opressão. Este ideal, com um componente mais ou menos religioso, foi assumido pela cultura dos Estados Unidos da América e é, de há muito, um dos seus elementos fundamentais. Reflete-se na Declaração de Independência desse país (que afirma a igualdade dos homens e certos direitos inalienáveis, o direito à via, à liberdade e à procura da felicidade), no hino nacional (que fala na “terra da liberdade”), na literatura, na musica popular, etc.
Ao longo dos séculos, foi esta ideia de oportunidade, que tanto prometia satisfazer a ânsia de riqueza como o desejo de liberdade, que motivou milhões de pessoas a emigrar (da Inglaterra, Irlanda, Itália, Rússia, China, da própria America Central e de tantas outras paragens) para os Estados Unidos. O que lá encontraram, porém, nem sempre correspondeu às suas expectativas.

Ganhador do Prêmio Nobel, Joseph Stiglitz, responsabiliza o setor financeiro pela crescente desigualdade entre ricos e pobres nos Estados Unidos. Em uma entrevista para a “Spiegel”, ele acusa o setor de rapinar os pobres e comprar políticas do governo que o ajuda a ficar mais rico.

Spiegel: Os Estados Unidos sempre se viram como sendo uma terra de oportunidade, onde as pessoas podem sair da miséria para a riqueza. O que aconteceu ao sonho americano?

Stiglitz: Essa crença ainda é poderosa, mas o sonho americano se tornou um mito. As chances na vida de um cidadão americano jovem dependem mais da renda e da educação de seus pais do que em qualquer outro país industrializado avançado para o qual existem dados. A crença no sonho americano é reforçada por casos, por exemplos dramáticos de indivíduos que ascenderam do fundo ao topo –mas o que mais importa são as chances na vida do indivíduo. A crença no sonho americano não é apoiada por dados.

Entrevista completa: http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2012/10/03/o-sonho-americano-se-tornou-um-mito-diz-o-economista-premio-nobel.jhtm

 

Sonho americano? Conheça 10 fatos chocantes sobre os EUA (Por Antônio Santos. Artigo originalmente publicado em Diário Liberdade / Edição: Pragmatismo Político com Blog do Mouzar)

Maior população prisional do mundo, pobreza infantil acima dos 22%, nenhum subsídio de maternidade, graves carências no acesso à saúde… bem-vindos ao “paraíso americano”.

Os EUA costumam se revelar ao mundo como os grandes defensores das liberdades, como a nação com a melhor qualidade de vida do planeta e que nada é melhor do que o “american way of life” (o modo de vida americano). A realidade, no entanto, é outra. Os EUA também têm telhado de vidro como a maioria dos países, a diferença é que as informações são constantemente camufladas. Confira abaixo 10 fatos pouco abordados pela mídia ocidental.

1. Maior população prisional do mundo

Elevando-se desde os anos 80, a surreal taxa de encarceramento dos EUA é um negócio e um instrumento de controle social: à medida que o negócio das prisões privadas alastra-se como uma gangrena, uma nova categoria de milionários consolida seu poder político. Os donos destas carcerárias são também, na prática, donos de escravos, que trabalham nas fábricas do interior das prisões por salários inferiores a 50 cents por hora. Este trabalho escravo é tão competitivo, que muitos municípios hoje sobrevivem financeiramente graças às suas próprias prisões, aprovando simultaneamente leis que vulgarizam sentenças de até 15 anos de prisão por crimes menores como roubar chicletes. O alvo destas leis draconianas são os mais pobres, mas, sobretudo, os negros, que representando apenas 13% da população norte-americana, compõem 40% da população prisional do país.

2. 22% das crianças americanas vive abaixo do limiar da pobreza.

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Calcula-se que cerca de 16 milhões de crianças norte-americanas vivam sem “segurança alimentar”, ou seja, em famílias sem capacidade econômica para satisfazer os requisitos nutricionais mínimos de uma dieta saudável. As estatísticas provam que estas crianças têm piores resultados escolares, aceitam piores empregos, não vão à universidade e têm uma maior probabilidade de, quando adultos, serem presos.

3. Entre 1890 e 2012, os EUA invadiram ou bombardearam 149 países.

O número de países nos quais os EUA intervieram militarmente é maior do que aqueles em que ainda não o fizeram. Números conservadores apontam para mais de oito milhões de mortes causadas pelo país só no século XX. Por trás desta lista, escondem-se centenas de outras operações secretas, golpes de Estado e patrocínio de ditadores e grupos terroristas. Segundo Obama, recipiente do Nobel da Paz, os EUA conduzem neste momente mais de 70 operações militares secretas em vários países do mundo.

O mesmo presidente criou o maior orçamento militar norte-americano desde a Segunda Guerra Mundial, superando de longe George W. Bush.

4. Os EUA são o único país da OCDE que não oferece qualquer tipo de subsídio de maternidade.

Embora estes números variem de acordo com o Estado e dependam dos contratos redigidos por cada empresa, é prática corrente que as mulheres norte-americanas não tenham direito a nenhum dia pago antes ou depois de dar à luz. Em muitos casos, não existe sequer a possibilidade de tirar baixa sem vencimento. Quase todos os países do mundo oferecem entre 12 e 50 semanas pagas em licença maternidade. Neste aspecto, os Estados Unidos fazem companhia à Papua Nova Guiné e à Suazilândia.

5. 125 norte-americanos morrem todos os dias por não poderem pagar qualquer tipo de plano de saúde.

Se não tiver seguro de saúde (como 50 milhões de norte-americanos não têm), então há boas razões para temes ainda mais a ambulância e os cuidados de saúde que o governo presta. Viagens de ambulância custam em média o equivalente a 1300 reais e a estadia num hospital público mais de 500 reais por noite. Para a maioria das operações cirúrgicas (que chegam à casa das dezenas de milhar), é bom que possa pagar um seguro de saúde privado. Caso contrário, a América é a terra das oportunidades e, como o nome indica, terá a oportunidade de se endividar e também a oportunidade de ficar em casa, torcendo para não morrer.

6. Os EUA foram fundados sobre o genocídio de 10 milhões de nativos. Só entre 1940 e 1980, 40% de todas as mulheres em reservas índias foram esterilizadas contra sua vontade pelo governo norte-americano.

Esqueçam a história do Dia de Ação de Graças com índios e colonos partilhando placidamente o mesmo peru em torno da mesma mesa. A História dos Estados Unidos começa no programa de erradicação dos índios. Tendo em conta as restrições atuais à imigração ilegal, ninguém diria que os fundadores deste país foram eles mesmos imigrantes ilegais, que vieram sem o consentimento dos que já viviam na América. Durante dois séculos, os índios foram perseguidos e assassinados, despojados de tudo e empurrados para minúsculas reservas de terras inférteis, em lixeiras nucleares e sobre solos contaminados. Em pleno século XX, os EUA iniciaram um plano de esterilização forçada de mulheres índias, pedindo-lhes para colocar uma cruz num formulário escrito em idioma que não compreendiam, ameaçando-as com o corte de subsídios caso não consentissem ou, simplesmente, recusando-lhes acesso a maternidades e hospitais. Mas que ninguém se espante, os EUA foram o primeiro país do mundo oficializar esterilizações forçadas como parte de um programa de eugenia, inicialmente contra pessoas portadoras de deficiência e, mais tarde, contra negros e índios.

7. Todos os imigrantes são obrigados a jurarem não ser comunistas para poder viver nos EUA.

Além de ter que jurar não ser um agente secreto nem um criminoso de guerra nazi, vão lhe perguntar se é, ou alguma vez foi membro do Partido Comunista, se tem simpatias anarquista ou se defende intelectualmente alguma organização considerada terrorista. Se responder que sim a qualquer destas perguntas, será automaticamente negado o direito de viver e trabalhar nos EUA por “prova de fraco carácter moral”.

8. O preço médio de uma licenciatura numa universidade pública é 80 mil dólares.

O ensino superior é uma autêntica mina de ouro para os banqueiros. Virtualmente, todos os estudantes têm dívidas astronômicas, que, acrescidas de juros, levarão, em média, 15 anos para pagar. Durante esse período, os alunos tornam-se servos dos bancos e das suas dívidas, sendo muitas vezes forçados a contrair novos empréstimos para pagar os antigos e assim sobreviver. O sistema de servidão completa-se com a liberdade dos bancos de vender e comprar as dívidas dos alunos a seu bel prazer, sem o consentimento ou sequer o conhecimento do devedor. Num dia, deve-se dinheiro a um banco com uma taxa de juros e, no dia seguinte, pode-se dever dinheiro a um banco diferente com nova e mais elevada taxa de juro. Entre 1999 e 2012, a dívida total dos estudantes norte-americanos cresceu à marca dos 1,5 trilhões de dólares, elevando-se assustadores 500%.

9. Os EUA são o país do mundo com mais armas: para cada dez norte-americanos, há nove armas de fogo.

Não é de se espantar que os EUA levem o primeiro lugar na lista dos países com a maior coleção de armas. O que surpreende é a comparação com outras partes do mundo: no restante do planeta, há uma arma para cada dez pessoas. Nos Estados Unidos, nove para cada dez. Nos EUA podemos encontrar 5% de todas as pessoas do mundo e 30% de todas as armas, algo em torno de 275 milhões. Esta estatística tende a se elevar, já que os norte-americanos compram mais de metade de todas as armas fabricadas no mundo.

10. Há mais norte-americanos que acreditam no Diabo do que os que acreditam em Darwin.

A maioria dos norte-americanos são céticos. Pelo menos no que toca à teoria da evolução, já que apenas 40% dos norte-americanos acreditam nela. Já a existência de Satanás e do inferno soa perfeitamente plausível a mais de 60% dos norte-americanos. Esta radicalidade religiosa explica as “conversas diárias” do ex-presidente Bush com Deus e mesmo os comentários do ex-pré-candidato republicano Rick Santorum, que acusou acadêmicos norte-americanos de serem controlados por Satã.

Como referenciar este artigo:
Sonho Americano. Porto: Porto Editora, 2003-2013.


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O Papa sabe e Steven Spielberg sabe, mas e você?

Segue abaixo estarrecedora declaração do Papa sobre nossa realidade.

Entre todos os males que afligem o mundo, o Papa dedicou especial atenção aos “focos de tensão e conflito causados por crescentes desigualdades entre ricos e pobres, pelo predomínio duma mentalidade egoísta e individualista que se exprime inclusivamente por um capitalismo financeiro desregrado”.

Ate as pedras do vaticano sabem de nosso atual cenário no planeta terra. Os coroinhas sabem. Steven Spielberg e seu seriado Terra Nova sabem. O que nos, dissimuladamente, não sabemos? Qual nosso pecado capital? O que Spielberg esta tentando nos dizer nas entrelinhas? A incessante e irracional caminhada da humanidade para o abismo. Um destino, naturalmente, sem volta.

O que o Papa falou aos quatro cantos? Apenas elucidou nossa atual faceta capitalista. Obviamente por viés cristão. Ressaltando suas perspectivas sob interesse católico. Sera o medo católico de perder fiéis para o pagão Deus Monetário? Talvez.  Mas, curiosamente, Bento XVI não vendou seus olhos perante tal atrocidade. Ele condena tais atitudes do homem moderno. O fascínio humano em torno do capitalismo. Amor declarado ao capital. Esse nauseante e polarizado sistema predominante no globo terrestre que poucos são os agraciados. Os delírios estatais e empresarias visando lucro exacerbado, causam o flagelo da sociedade, deturpação de direitos e deveres.  A resultante deste voraz capitalismo sera, como via de regra, o ser humano corrompido pela ganância e avareza. Uma realidade mundana, tão humana que padeço sob desconfiança de não merecermos paraíso ou segunda chance.

O modelo capitalista, no qual estamos inseridos alimenta uma sociedade em completa desarmonia. O elevado nível de concentração monetária resulta em discrepância entre camadas sociais. Estes gargalos sociais remetem no bem estar comum da sociedade – negativamente.
Capitalismo e seu trem descarrilado, pois, o consumo desenfreado, crescimento populacional desordenado, que é interessante, sob viés capitalista, pois eleva o consumo, mas, em contra partida, eleva níveis de poluição, acumulo de riquezas, exploração da classe proletariado, recursos naturais, estrutura social. Uma infinidade de efeitos colaterais intrínsecos a existência do modelo capitalista. O trem e seu maquinista alucinado por lucro exorbitante. Em busca do quimérico devaneio capitalista: El Dorado.
Manter padrão de consumo, desregrado e desnecessário, requer produção em níveis alarmantes. Este assombro carece da utilização de meios naturais finitos para atender demandas de produção. Se estes recursos são escassos e não regenerativos, devíamos encontrar soluções sustentáveis de produção. Porém, sustentável não esta na cartilha capitalista. O sustentável requer tempo, e tempo é dinheiro.
Não há flerte entre capitalismo e equilíbrio. Haverá, esta na inquietude do sistema a pressão por mais e mais. E essa “corrida pelo ouro” acaba gerando condutas irresponsáveis, que virão a gerar crises. Portanto, a glorificação do capital não possui apelo sustentável.

Os conceitos de sociedade estão deturpados. O capitalismo instiga o ser a se corromper. Já dizia Jean-Jacques Rousseau “o homem nasce bom e a sociedade o corrompe”.
Pergunto-me em qual sociedade estamos inseridos. Quais nossas ideologias de convivência? Desejamos a sociedade utópica, uma segunda chance no jardim do Éden. Mas não nos damos conta de nossas atitudes. Há paraíso para raça humana? Apenas em devaneios.
Nossa liberdade em termos. Acorrentados em ideologias, discutíveis. Marionetes de nós mesmos. Uma triste realidade, somos conclusões de titulo. Garrafas sem mensagens. Vidas vazias.

Se Bento XVI nos cativou com seu discurso realista, Steven Spielberg encanta por sua genialidade cinematográfica apocalíptica. Neste caso o seriado “Terra Nova”.

A história: no ano de 2149, a Terra é um planeta moribundo graças ao nosso desleixo com o meio-ambiente. O ar é praticamente irrespirável, os recursos naturais estão esgotados e um rígido controle populacional tenta manter um mínimo de (baixa) qualidade de vida para os humanos. O futuro da humanidade corre risco e sua única chance de sobrevivência está no passado. Quando cientistas descobrem uma fenda no tempo que permite voltar aos tempos primitivos, eles decidem tentar reconstruir a humanidade a partir do passado e, dessa vez, ter sucesso. Como o próprio seriado diz: “Quem controla o passado, controla o futuro”. Porem, apenas felizardos ganharam seus passaportes. Seja por sorteio, seja por meritocracia. A viagem e realizada em fenda temporal levando-os ao passado. O planeta, agora denominado Terra Nova, deve ser repovoado sob-condições sustentáveis. Ou seja, repelindo experiências passadas. Aprendemos com nossos erros e não os repetimos.
Aparentemente não ha figura de circulação monetária para adquirir bens. A forma de energia, se não me engano, é eólica. O trabalho é comunitário, em conjunto, priorizando avanço sustentável da colônia. Mas ha hierarquia entre membros desta sociedade. A começar por líder “militar” passando por seus subordinados e chegando ao povoado com agricultores e feirantes. Claro, o grande chamariz do seriado trata-se de uma era onde os dinossauros reinavam sobre o planeta. Para tanto, ha presença de armas, limites territoriais e liberdade em termos.

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As bases do seriado Spielberg são infundadas? Tão rasas quanto poças de água? De acordo com estudos recentes, não.
A crescente população mundial e o consumismo ameaçam a saúde do planeta, alerta a organização ambientalista Fundo Mundial para a Natureza (WWF), que divulgou relatório sobre a saúde da Terra no ano de 2012.
De acordo com o estudo, “se todos vivessem como um morador típico dos EUA, seriam necessários quatro planetas Terra para regenerar a demanda anual da humanidade imposta à natureza”. O WWF afirma ainda que “se a humanidade vivesse como um habitante comum da Indonésia (com uma pegada aproximada de 1 hectare global por habitante), apenas 2/3 da biocapacidade do planeta seriam consumidos.

Spielberg desta vez foi longe, deu asas à imaginação. Explorou a inquietude humana. Ha possibilidade de viagem no tempo? Sabemos que para o futuro sim, mas para o passado cientistas refutam qualquer possibilidade. Steven nos provoca com sua genialidade, a quimera humana de modificar o passado visando o futuro alterado. Alem disso dimensionou provável futuro humano. A ruína por negligencia sustentável e má interação com meio ambiente do qual somos dependentes.

Nos é apresentado viés quase que utópico, por questões racionais. Cientistas refutam possibilidade de viajem no tempo, seja por maquina ou fenda. Outra solução aparente seria planetas habitáveis, porém, mesmo se houvessem, estão a milhares de anos luz de distancia.  E logicamente não possuímos tecnologia para abrirmos portais do tempo, quiçá naves que rompam a velocidade da luz.

Nas entrelinhas Spielberg vocifera que devemos rever nossas atitudes. Hoje somos hospedes indesejáveis. Não sabemos cuidar de nosso lar. Quiçá viver em sociedade. A hipocrisia em torno de um planeta autossustentável sem ferir o meio ambiente esta intolerante, intragável. Ainda não percebemos os sinais? O clima débil. Catástrofes naturais em grandes proporções. Eco sistemas complexos e vitais em extinção. O planeta esta revoltando se contra nos. Temo por não haver salvação.

Posso e devo estar redondamente enganado, mas não ha Terra Nova, não ha uma segunda chance.