O Barrense


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Amor da minha vida

 

Quem sabe eu não estou contigo pra viver para o resto das nossas vidas, que é bastante coisa?! Não posso te oferecer mundos e fundos. Em contrapartida te ofereço carinho e amor em prestações a perder de vista. Com direito a juros e correção “monetária” com o passar dos anos – ao meu lado, claro. Investe em nós que o retorno é garantido.

Quem sabe eu não precise agradecer teus ex-namorados? Pela inocência em não te reconhecer como a mulher da vida deles. Porque, devido aos insistentes erros que cometeram contigo, hoje eu e você somos nós. A certeza que faltou a eles me sobra: tu és a mulher da minha vida!

Quem sabe eu não estou contigo por que tu me mereces? Não posso apagar teu passado ao lado daquele carinha que te fez sofrer. Depende de ti erguer a cabeça e olhar para frente. Seguir em frente. De mãos dadas comigo. Eu te mostro o caminho. Deixa o passado onde ele deve ficar e vêm comigo. O que tenho a te oferecer é o presente ao meu lado. Essa livro em branco que escreveremos a quatro mãos.

Quem sabe eu não estou contigo porque te mereço? Por ser essa surpresa que a vida me presenteou e nem sei como agradecer? E suspeito, com toda certeza do mundo que, ficar ao teu lado pra sempre, pode(é) ser a melhor forma de agradecimento.

Você não sabe, sequer desconfia, mas me contaram que nossos destinos foram traçados na maternidade…


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Amar e remar

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Amar é remar quando o companheiro fraquejar.
É ir sem saber ao certo em qual porto ancorar.
É enfrentar tempestades e não naufragar.
Amar é mais do que navegar em mar calmo.
É ver o barco fazer água e não se apavorar.
É assumir o comando do barco para o companheiro descansar.
Amar e remar nesse imenso mar que somos nós.


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Bete balanço

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“Saiba seu futuro aqui”, dizia a placa ao lado de uma senhora que aparentava sabedoria.

– Bom dia! – disse, me aproximando.
– …
– Hãm – pigarreei.
– Posso estar na rua, mas ainda tenho meu direito de sonhar.

Só então percebi que a mulher estava dormindo. Sentada num banquinho e de olhos abertos. Não sei se ela saberia meu futuro, mas aquilo já me impressionou.

– Perdão, não percebi que a senhora…
– Senhora, não. Cigana Dulce – disse ela, me interrompendo.
– Desculpe, Cigana Dulce.
– Garoto, qual o motivo por me acordar?
– Motivo? Bem… Meu futuro.
– Hum…
– Então…
– Me dê a palma de sua mão.

Prontamente estendi a palma da minha mão.

– Canhoto?
– Sim, isso é ruim?
– Se estivéssemos na idade média…

No que ela tocou minha mão já a largou, como se recebesse um choque.

– O que foi, o que foi? – eu disse, assustado com o que ela poderia ter visto ou sentido.

Em silêncio ela segura novamente minha mão e baixa a cabeça.

– Hum, curioso…
– O que você esta vendo?
– O teu futuro é duvidoso…
– Como assim duvidoso? Não vou me casar com a Ritinha?
– Eu vejo grana…
– Grana? Serei o Eike Batista que deu certo?
– Eu vejo dor…
– Dor? A Ritinha tá me traindo?
– No paraíso perigoso…
– Paraíso perigoso? Eu vou morrer? Mas nem cheguei aos trinta.
– Que a palma da tua mão mostrou…
– Só um pouquinho – disse, retirando a palma da minha mão.
– Não faça isso!
– Por quê?
– Teu futuro pode mudar drasticamente.
– Futuro? Tu estavas lendo meu futuro baseado na musica do Cazuza: Bete Balanço.

A cigana Dulce estala os olhos e coça a cabeça.

– Por essa tu não esperava, não é?!
– Não é todo dia que recebo um cliente com gosto musical refinado.
– Por um momento acreditei em ti, fazia sentido.
– Esse é meu objetivo: Dizer-te algo que faça sentido, mesmo não sabendo nada a teu respeito. Porque, no fundo, todas as respostas estão em ti, só precisa de um empurrãozinho.
– Balela, tu só me disse o que eu queria ouvir.
– Ou apenas o que tu teimas em não ver. Insegurança no casamento, instabilidade financeira…
– Apepeô! O que tu sabe da minha vida?
– Nada.
– Isso, nada!
– E não te perguntou como eu aparento saber tanto?
– Tá tão na cara assim?
– Parece um filme com final trágico anunciado. Nem é preciso ser cigana pra ver.
– O que eu faço?
Se você acha que está derrotado. Saiba que ainda estão rolando os dados. Porque o tempo, o tempo não pára.
Dias sim, dias não.
– Por mais dias “sim” pra você.
– Quanto te devo?
– Fica por conta da casa.

Segui meu caminho, tentando sobreviver sem nenhum arranhão…


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Visita

conto-de-fadas (1) Dia desses recebi uma visita. Às vezes fico me perguntando se ele não bateu na porta errada. Se não é engano. Nunca imaginamos que isso pode acontecer com a gente. Parece tão fora de época. Ainda me lembro como se fosse ontem: numa manhã de sábado a campainha tocou serenamente. Eu não esperava por ninguém. Me levantei, fui de encontro à porta e espiei pelo olho mágico. “Não é possível”, pensei. Voltei a olhar pelo olho mágico pra ter certeza. Sim, era ele, o AMOR. Esse sujeito que dizem não existir mais estava na varanda da minha casa. Respirei fundo, me enchi de coragem e abri a porta. Mandei-o entrar com um sorriso estampado no rosto. Por sorte minha casa estava organizada, tinha arrumado a bagunça da relação anterior – varri todos os cacos e me reconstruí, feito um quebra-cabeças que leva tempo para solucionar. Ele não trazia nada consigo. Dizia que os retalhos das relações anteriores deveriam ficar onde estão: no passado. Queria reconstruir um futuro ao meu lado com o que somos hoje, livre das amarras do ontem.

Apresentei a casa pra ele e quando chegamos ao jardim ele ficou de pé por algum tempo, apenas observando as flores. Nos sentamos e ele me explicou que o amor, no caso ele, é como um jardim. Portanto, não espere colher rosas se você não as cultivou. Nada brota ao acaso. Plante carinho, semeie cumplicidade, regue sinceridade e cuide de seu jardim para ele permanecer florido. (É ilusão de ótica o jardim do vizinho ser mais florido que o seu.)

Deixamos o jardim e nos dirigimos à sala. Ele começou dizendo que o amor não tira nossos pés do chão. Ele ensina a voar mais alto. Não é muro. É pezinho. E que irá ocupar a maior parte do meu dia. Deixou claro que lutará por mim, até suas ultimas forças, mas, se não for leve, natural e recíproco, ele não fará cerimônia alguma em arrumar as malas e sair pela porta da frente. Ele conhece o caminho. (Não duvide.)

Já faz algum tempo que ele se instalou aqui, quatro meses pra ser exato. Redecoramos a casa a nossa maneira. Bagunçamos tudo, e é nessa bagunça tão nossa que nos encontramos. Nos detalhes em comum. Nas diferenças gritantes. No abajur amarelo. No tapete persa. Mas nada supera nossa sincronia no quarto.

Eu acho que tive sorte, e não perguntei se ele bateu aqui em casa por engano. E caso ele bata a sua porta, não pergunte, o convide para entrar. Tu saberá reconhecer o amor. Ele é inconfundível, e uma excelente companhia pra tua vida.


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Declarações de amor que passam despercebidas

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A sociedade moderna chama de reunião cazamigas. Nada mais é do que um encontro entre mulheres para discutir questões que lhe são pertinentes. Assuntos variados, mas em todo grupo há a desilusão com o homem moderno. Onde está o príncipe encantado? Cadê o romantismo? Abrir a porta do carro é pedir muito? Duvidas que atormentam a mulher contemporânea. Muitas ainda esperam na janela a tão sonhada declaração de amor – vai morrer esperando, querida.

Logo a baixo constam declarações cotidianas que passam despercebidas, ou ignoradas. Que causam sofrimento no homem moderno por não ser compreendido ao abrir seu coração. Leia nas entrelinhas:

– Se declara pra mim!
– Vou excluir meu Tinder.

– Se declara pra mim!
– 0387
– Ãhm?
– A senha do meu celular.

– Se declara pra mim!
– Tô bloqueando aquela vaca do meu Facebook.

– Se declara pra mim!
– Saí DAQUELE grupo do whatsapp.

– Se declara pra mim!
– Tu é mais importante que meu celular.

– Se declara pra mim!
– SMS conta?

– Se declara pra mim!
– Pronto.
– O que?
– Alterei nosso status de relacionamento no Facebook.

Declaração não se pede, conquista – a não ser de imposto de renda.


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Café

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De promessas pela metade e sonhos a realizar nossa relação está cheia. Transbordando. Uma vertente que não temos ideia de como fazer parar. Que não pare. Que ela seja combustível para brigas e recomeços. Então senta no tapete comigo e me ajuda a organizar cada uma delas, pra facilitar na escolha de qual iremos concretizar hoje.

Não sei o que tem de extraordinário em nós, mas pode apostar, têm. Talvez seja a forma como nos conhecemos: o Tinder. Curioso lugar pra procurar romance. O amor é isso: procurar a pessoa certa no lugar errado e em raríssimas oportunidades ser surpreendido. Você foi e será a melhor surpresa que a vida tinha/tem pra mim. E surpreendente é o que tu causa em mim: um revoar de borboletas. Não tenho ideia de onde elas surgiram, por muito tempo até desacreditei que existissem. Acredite, elas existem. Basta você estar disposto a recebe-las em seu jardim.

Pode ter sido o acaso, destino, coincidência, o cupido, se já estava escrito, o universo conspirando a nosso favor ou alguma cartomante leu nossa sorte por engano, de alguma forma nos encontramos, pra não nos perdermos mais. Mentira! Me perco toda vez que te reencontro. No teu sorriso, desses que não canso de dizer que é raro, que se vê quatro ou cinco vezes na vida. Ou no teu olhar, esse que concentra tua atenção em mim e garante que sou a pessoa mais importante da tua vida naquele instante. Estar perdido contigo é ter a certeza que encontrei meu caminho. É ir, sem se importar com destino certo, basta saber que será ao teu lado.

Fecha os olhos e escolhe uma promessa ou sonho pra gente realizar. Qualquer uma, desde que envolva nós dois.

“Café”, vamos?!

(Contei que eu nem gosto de café? Mas confesso que gosto da maneira que você segura à xícara com as duas mãos – pra sentir o conforto da bebida quente. Contei que eu gosto de ti?)


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Meu amigo gorila

78 Vocês devem estar se perguntando qual o sentido dessa imagem, não é?! Bem, não têm. Ou você já presenciou esse curioso e nada rotineiro “cliente”, naquele seu restaurante favorito, na mesa de canto que você torce para não estar ocupada ao final do dia, trajando uma camisa polo da Lacoste, e acompanhado? Imaginei que não. Sabe o que é? Nada mais natural que levar seu melhor amigo para jantar. Desfrutar duma agradabilíssima companhia. E aqui se encaixa o gorila – se houver algum cão lendo isso, sinto lhe informar, mas não é apenas você o “melhor amigo do homem”. Ele não é humano. Tá, eu sei, é óbvio. Então, justamente por não ser humano as chances dele te frustrar são minimas. Posso afirmar: ele não vai te desapontar. Com o tempo você até esquece das relações humanas. Dica: mantenha “amigos” humanos ou você acabará num manicômio, conversar com animais não é completamente aceito pela sociedade moderna, a não ser quando você está sozinho com seu amigo-animal. A grande desvantagem é que você sempre pagará a conta. Mas você  já se perguntou quanto desembolsaria por uma relação sem inveja e egoísmo? Não tem preço, nesse caso, o jantar e o táxi para o zoológico.

Não sei como você tem andado, espero que com os pés, e de olhos bem abertos pra perceber como as coisas saíram dos eixos. Os humanos estão confundindo tudo. Jogaram os sentimentos num cesto de roupa suja e deixaram lá. Num canto. Como se fosse sem importância. E aqui retornamos ao gorila. Animais em geral costumam ser ótimos confidentes – a não ser gatos, eles não dão a mínima pra você, são humanos de quatro patas. Guardam segredo como ninguém – um papagaio talvez não. NÃO SÃO INTERESSEIROS. E retribuem afeto em dobro, sem cobrar nada em troca. Tua grande preocupação será o veterinário, a não ser que você seja um, esse será o único intruso na relação de vocês. Na verdade duas: a perda. Não, não envolve traição. Esqueci de avisar: eles são fiéis. Morreriam por você. Bem, a questão é que eles não são eternos. Os cães, por exemplo, nos deixam mais cedo do que deviam. Vê-los partir é do curso natural da vida. Lidar com a perda não será fácil. A dor será tua companhia em cada recordação. Esse vazio não será preenchido. Nunca. Será morada de boas lembranças. Uma casinha que você sempre poderá visitar. Ficar o tempo que quiser e ter a certeza que amizades não morrem. São eternizadas em nós.

Leve seu amigo pra jantar, mesmo que ele seja um gorila e contrarie as normas sociais.


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Em cartaz

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Você disse que não quer reprisar o passado. Que decorou as falas desse filme. Que tem medo da nossa relação ser apenas uma refilmagem de tudo que já viveste. Uma versão repaginada do sofrer. Peço que deixe a desconfiança de lado. Acredita na nossa história, essa que sequer começou.

Leia o script. O que achou da personagem? Só consigo pensar em ti pra contracenar comigo, mas com uma condição: não leve a bagagem que tu carregas pro set de filmagem. Esse baú repleto de retalhos do passado. Que te impede de se entregar a personagem. Que te prende ao passado feito âncora. Viver no passado pode acabar estragando o presente. Aceita esse novo papel. Peço que leia o roteiro e considere a proposta. A trama parece boa. Um jovem casal formado por um desses tantos aplicativos que propõem encontros casuais. Caminhos opostos e personalidades conflitantes. Destino incerto e um amor inesgotável entre ambos. Alguns obstáculos pra superar e muitos sonhos a realizar. Clichê?! O final feliz só depende de nós.

Aceita, quero ler teu nome quando os créditos subirem. Quero dividir o camarim contigo. Errar a cena só pra estender o tempo contigo. Quero estar ao teu lado na noite de estréia. Quem sabe receber uma indicação da academia por melhor roteiro original.

Em relação ao teu passado: histórias não se repetem. Mudam-se os protagonistas e coadjuvantes. Cenários e circunstâncias. Cada um carregando seu próprio infinito de possibilidades e aleatoriedades. Então não espere de nós aquele filme desbotado que te fez sofrer. Contracena comigo nessa vida.


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Paixão colegial

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#Repost

Inicio de ano letivo. Segundo ano do ensino médio. Manhãs tediosas intermináveis. Meninas mulheres e homens meninos. E Matheus era só mais um coadjuvante no colégio. Tímido. Apenas vivendo, sem esperar nada. Mal sabia ele, mas o destino tramava uma das suas. Pra ser pratico: morena, um metro e sessenta e dois centímetros, olhos negros… Enfim, Matheus se apaixonou na primeira troca de olhares. Aquela paixão intensa, uma confusão entre sentimentos e hormônios aflorando.

Qual seria a chance de Matheus? Matematicamente? Uma em um milhão. Remotas, vamos encarar a realidade: seria mais fácil um vulcão adormecido entrar em erupção do que Matheus conquista-la.

A timidez barrava qualquer iniciativa de Matheus. Portanto, o pontapé inicial deveria vir de Luana. Sim! Ele descobrira o nome dela, obviamente da maneira mais cotidiana do ensino escolar: chamada.

Quarta-feira: Matemática nos dois primeiros períodos e filosofia nos dois seguintes. Matheus chegou cedo ao colégio, sentou no lugar de sempre, tudo conforme sua rotina. Já Luana era o completo oposto: atrasadíssima!

Atrasada pelo fato do destino, travestido de cupido, alterar a rota previamente estabelecida.

A sala semelhante a um formigueiro.  E, surpreendentemente, ninguém estava sentado ao lado de Matheus e, ainda mais intrigante, não por sua chegada, transluzindo graça e dissipando o sono que deprimia Matheus, mas por seu atraso incomum. Luana entra na sala – aquela clássica cena de filme que ocorre em câmera lenta e a atriz com cabelos soltos ao vento. Adivinhem? Luana sentou ao lado de Matheus.

(Pausa para ouvirmos o coração de Matheus disparar: Tum, Tum Tum,  Tum Tum Tum, Tum Tum Tum Tum…)

Por fora indiferença, por dentro, ele estremecia. Jamais sentiu algo semelhante. Uma explosão de adrenalina em sua corrente sanguínea.

A aula seguia como de habito: chata. Extremamente chata. Incrivelmente chata. Nenhum acontecimento considerado prazeroso, a não ser a presença de sua paixão instantânea. A paixão por uma simples e mera troca de olhar. Matheus cultiva, mesmo sem saber se é recíproco.

Luana demonstrava desconforto por cabelos soltos – costumava usa-los desta maneira, porem, hoje, algo lhe atormentava; os cabelos criaram vida e rebelaram-se contra ela, uma clara afronta perante sua beleza inenarrável. E, novamente ele, o destino apimentando e reconstruindo os trilhos do tempo. Luana chegara atrasada por causa de um velho despertador; despertador este construído na Suíça, que não fez jus a precisão histórica, pois foi afetado por um sentimento nobre: o amor. O jovem encarregado pela montagem do relógio estava atordoado e visivelmente com a cabeça em outro lugar – em virtude de sua amada deixa-lo. Resultado? Relógio mal-acabado. Passou despercebido pelo controle de qualidade, consequência da despedida de solteiro do revisor de relógios, especialmente inspeção do dispositivo despertar. O que isto gerou? Atraso com precisão cirúrgica de dez minutos. A tardança desatinou a manhã de Luana. Justamente o que ela esqueceu? O estojo escolar. Este seria o cupido entre Matheus e Luana.

Visivelmente desacorçoada, com cabelo solto, Luana tomou atitude inesperada. Virou-se na direção de Matheus e indagou:

– Você tem um lápis?!

Desta maneira, direto, sem floreios. Matheus não esperava, como um golpe, acusou, gaguejou.

– Sisisi, sim.

A situação só não foi constrangedora pelo alvoroço de Luana.

Matheus lhe emprestou o lápis. E, fugindo da normalidade, Luana utilizou o lápis para fazer um coque no cabelo. A maneira com que ela fez o coque encantou Matheus. Jamais tinha visto tamanha beleza. Um verdadeiro balé entre mãos. Movimentos rápidos e sinuosos. Por fim o lápis para manter o coque. Matheus quase a aplaudiu.

Ele olhou sem jeito. Ela sorriu. Ele sorriu por vê-la sorrir.

– Obrigado pelo lápis. Não suportava mais o cabelo me incomodado os olhos.

A aula extremamente chata tornou-se incrível. Luana e Matheus ignoravam os problemas matemáticos e conversavam, de uma forma estranhamente familiar, como se conhecessem há tempo.

Ela brincou:

– Gostei do lápis. Meu numero.

Ele respondeu, instintivamente:

– Pode ficar. Presente pelos anos que não te conheci.

Após a frase, notou a inacreditável besteira que havia dito.

Ambos ficaram vermelhos. Ele por responder quase que como um ato impensado e desconhecido em sua personalidade – de fato, a sagacidade estava em seu âmago, como um leão adormecido, sendo acordado em momento oportuno. Ela ficara vermelha por não esperar o flerte. Acusou o golpe.

Desta quarta feira em diante passaram a serem colegas de classe, lado a lado. Confabulando suas historias, seu dia a dia, suas minúcias em particular. Suas singularidades em comum. Como que separados na maternidade, foram feitos um para o outro. O acaso os separou e, com auxilio do destino, tratou/tramou de uni-los.

O cupido havia disparado duas flechas, ou seria um lápis?