O Barrense


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Mini Mundo: Sonho perturbador, alusão a Santa Maria?

Minu Mundo coluna

Os sonhos são encantadores. Perpetuam fascínio na humanidade desde os primórdios, inclusive entre egípcios e, singularmente, entre judeus do Antigo Testamento. Em diversas culturas os sonhos foram considerados maneira de comunicar-se com o transcendente, uma forma de se prever o futuro das pessoas. Há informações de um papiro egípcio datado de 2000 AC que discute sonhos e suas interpretações. Era crença na Grécia Antiga de que o sonhador estava em contato com os deuses, inclusive no poema Ilíada, de Homero (c. 800 AC), por exemplo, os sonhos foram considerados mensagens dos deuses.

Descrevo a vocês o sonho de um senhor na madrugada passada. Curiosamente semelhante à tragédia ocorrida em Santa Maria. De maneira alguma desejo aproveitar-me de tal situação com objetivo de “audiência cibernética”. Apenas relato o que me estarreceu. Durante sua explanação permaneci cético e, por vezes, com semblante irônico frente ao sonho.

“Sonhei que estava andando pelo bairro picada (bairro em Barra do Ribeiro, as margens do rio Guaíba), acompanhado de alguém, cujo nome e feição, no sonho, não remetia importância. Subitamente uma espessa nuvem rompeu os céus no sentido da Lagoa dos Patos. As arvores encobriam a visão, visualizava-se apenas a espessa nuvem. Imediatamente soube, não preciso saber como, que era um navio, provavelmente havia explodido. Após a nuvem, labaredas de fogo propagaram-se no Mato Alto (parte continental que separa Rio Guaíba da Lagoa dos Patos). Rapidamente queimaram toda mata nativa e rumaram a cidade. No Rio Guaíba ardia o fogo sob as águas, estimo que seria gasolina ou algo semelhante. O fogo devastou região nativa próximo ao Mato Preto.
As labaredas flamejavam sob as águas chegaram sem força as margens praianas de Barra do Ribeiro.
Repentinamente o sonho ‘pulou’ e deparei-me em fila para adentrar em um banheiro. Havia muita gritaria a pessoas desejando entrar no banheiro. Um homem disse:

– Não preciso ficar na fila – e destinou-se a porta, forçando-a, porém, sem sucesso.

Após isto, acordei.”. Concluiu.

Este senhor confidenciou-me que sempre sonha com água. Talvez por sua infância for às margens do Rio Guaíba e família de origem ‘pesqueira’.
O banheiro é outra minúcia em seus sonhos. Sempre presente. Seja qual for o enredo e desenrolar da trama.

De antemão aviso. Não houve mortes. O sonho foi após o incidente, por volta das seis horas.

Algumas minúcias, caso casadas e interpretadas como tal, remetem a semelhanças entre sonho e tragédia:

– Queimada de arvores, menção às pessoas.

– Fogo espalhando-se rapidamente sob as águas, alusão à queima da acústica que culminou na espessa nuvem negra.

– Porta fechada do banheiro, referente aos seguranças que barraram a saída da boate e, sobriamente, o banheiro onde muitos faleceram asfixiados.

A oniromancia, previsão do futuro pela interpretação dos sonhos, tem grande credibilidade nas religiões judaico-cristãs: consta na torá e na bíblia que Jacó, José e Daniel receberam de Deus a habilidade de interpretar os sonhos. No Novo Testamento, São José é avisado em sonho pelo anjo Gabriel de que sua esposa traz no ventre uma criança divina, e depois da visita dos Reis Magos um anjo em sonho o avisa para fugir para o Egito e quando seria seguro retornar à Israel.

O sonho oferece ao ser a principal via para adentrar no inconsciente. Pescamos de nosso inconsciente para consciência nossos desejos mais reprimidos e ‘proibidos’, anseios recalcados, nossos objetos de desejo. Através dos sonhos que temos a aptidão de vivenciar tais fantasias.
Mergulhando profundamente neste vasto mundo de ‘sede’ reprimida, realizamos imersão ao nosso inconsciente, ou seja, para dentro de nós mesmos, tentando procurar o máximo de realização.
“Conhece-te a ti mesmo”, ordenou o grande filosofo. Mergulhar dentro de si próprio e reconhecer lá em seu âmago as suas clarezas e as suas escuridões.