O Barrense


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A historia novamente se repete: Atirador abre fogo dentro de escola norte-americana

Um jovem atirador matou 26 pessoas, incluindo 20 crianças pequenas, em uma escola do ensino fundamental da cidade de Newton, em Connecticut, em mais um massacre com armas de fogo que choca os Estados Unidos.
Entre os mortos na escola, estava a própria mãe do atirador, que era professora e seria o alvo principal do atirador.

Segundo testemunhas, o atirador entrou na escola e matou a mãe, em uma sala de aula de pré-escola. Depois, atirou contra os alunos, saiu, e atirou em adultos, antes de morrer.

A noticia é estarrecedora. Porém, na terra do Tio Sam, hecatombes desta magnitude tornarem-se previsões de charlatões. Ano a ano, elas se concretizam.
Um borborinho temporário é formado. Discussões em pauta sobre constituição, mas, em questão de tempo, voltam a vala da trivialidade. Atitude inescrupulosa por parte de governantes. Intragável.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama e governador de Nova York, Andrew Cuomo realizaram pronunciamento após o massacre na escola Sandy Hook, em Newtown, no Estado de Connecticut.

“Nossos corações estão em frangalhos hoje”, disse Obama. “Eu sei que não há um pai de família na América que não sinta a mesma dor avassaladora que eu”, continuou. “Esta noite, eu e Michelle vamos abraçar nossas crianças um pouco mais forte, e diremos que as amamos”, afirmou o presidente, com os olhos marejados. Com a voz embargada, ele precisou interromper várias vezes o discurso para conter a emoção.

O presidente dos EUA, Barack Obama, emociona-se nesta sexta-feira (14) na Casa Branca ao falar do tiroteio em Connecticut (Foto: AP)

O presidente dos EUA, Barack Obama, emociona-se nesta sexta-feira (14) na Casa Branca ao falar do tiroteio em Connecticut (Foto: AP)

O governador Andrew Cuomo ressaltou que o ocorrio desta sexta-feira deve servir como “uma chamada de atenção” em prol de uma “ação enérgica” contra as armas de fogo.

Cuomo disse, em comunicado, que o episódio é mais um “ato horrível e sem sentido causado pelas armas”.

“Devemos, como sociedade, nos unir e, de uma vez por todas, tomar medidas duras contra as armas, que tiram as vidas de muitos cidadãos inocentes”, afirmou o governador, que há muito tempo é defensor desta ideia.

Este não se trata de caso isolado. Mais uma triste “coincidência” no quebra-cabeça americano. Um entrave histórico: como alterar situação sem intervir na constituição?
O numero de massacres no ano de 2012 salta aos olhos por não haver intervenção governamental em prol da sociedade. Abaixo relação de massacres:

2 abril.- Sete pessoas morreram e três ficaram feridas em um tiroteio na universidade particular de Oikos, em Oakland (Califórnia). Um ex-aluno da instituição, One Goh, de origem coreana, foi preso como autor dos disparos. Ele contou que estava chateado pois uma funcionária e vários estudantes zombavam dele e não o “tratavam com respeito”.

9 junho – Um tiroteio registrado no complexo residencial universitário Heights Drive 202, onde se alojam atletas da instituição, em Auburn, Alabama (Estados Unidos), deixou três mortos e dois feridos.

20 julho – Um jovem entrou em uma sala de cinema que exibia o filme Batman: o Cavaleiro das Trevas Ressurge, na cidade de Aurora, no Colorado, e matou 12 pessoas.

13 agosto – Um ataque ocorrido próximo da Universidade Texas A&M, em College Station (EUA), deixa três pessoas mortas: um policial, um civil e o agressor.

28 setembro – Cinco pessoas morreram e outras quatro ficaram feridas devido aos disparos de um homem, que depois se suicidou, nas proximidades de uma empresa de Mineápolis (Minnesota).

21 outubro – Três pessoas morreram e outras quatro ficaram feridas em um tiroteio em um spa e salão de beleza próximo de um centro comercial nos arredores de Milwaukee, em Wisconsin. O suposto autor apareceu morto horas depois.

6 novembro – Três pessoas perdem a vida e uma fica ferida em um tiroteio em uma fábrica de processamento de alimentos em Fresno, na Califórnia.

11 dezembro – Três pessoas morrem, entre elas o autor dos disparos, em um centro comercial nos arredores de Portland (Oregon).

A carnificina desta sexta-feira (14) realça a cultura belicista norte-americana. Uma horrenda flor regada e cultivada durante décadas, séculos. A formação de um país travado com arcaicas carabinas, canhões e pistolas e revolucionando formas de combate com bombas atômicas, aviões não tripulados e outras inovações bélicas. Alias cultura enraizada na segunda emenda da constituição americana a qual fornece direito de portar armas.
Seriam as guerras alimentando a neurose norte-americana? Cada sociedade cultiva seus monstros. Nos EUA, assassinos lunáticos forjados numa sociedade belicista!

Segundo psiquiatra forense, massacre não é de todo justificado por distúrbio mental. Ha muito de aspecto cultural influenciando na formação do individuo.
Portanto, é um dever, obrigação rever a constituição americana. Este não foi o primeiro massacre e, se continuar em vigor o porte legal de armas, não será o ultimo.

O professor do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS/UFRJ), Francisco Carlos Teixeira da Silva, em entrevista à Globo News apontou a facilidade no acesso às armas, vulnerabilidade na segurança das escolas, a falta de políticas públicas para tratar da violência são fatores que levam a incidência de casos como o desta sexta-feira .

Segundo ele, “o estado americano finge que é caso policial e não de políticas públicas”.

“Quando um fato social se repete muitas vezes com o mesmo contorno não pode ser tratado como um caso isolado. Este caso precisa sair da esfera policial e ir para a esfera política. É um fenômeno social que deve ser tratado com políticas públicas.”

O professor indica que o melhor forma de evitar estes ataques é limitar o acesso às armas automáticas. Segundo ele, a cultura americana misturou uma noção deturpada de liberdade e de virilidade (a maioria dos atiradores são jovens do sexo masculino) em torno desses crimes massivos que são cometidos.

Apesar destas tragédias, o apoio a leis mais duras para o porte de armas é controverso, com muitos americanos contrários a restrições àquilo que consideram um direito constitucional de manter armas de fogo potentes em casa.