O Barrense


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Mini Mundo: Professores (as) e dar nó

Minu Mundo coluna

Em 1996, durante período escolar, o pequeno Eduardo tinha seis anos. Estava no inicio de sua vida escolar. Lembro-me como se fosse ontem de que maneira aprendi a dar nó em tênis. Recordo-me também quem me auxiliou a enfim aprender esse gesto simplíssimo, mas, com seis anos, um bicho papão. Não me perguntam o porquê, mas este singelo ato de ensinar um pequenino a dar nó criou raízes em minha memória.

Tios e tias me confidenciam que, quando pequeno, eu era impossível. Ainda não descobriram qual a formula mágica de minha mãe para me acalmar. Minhas lembranças justificam alcunha de “pestinha”.

Corriqueiramente, quando o sino batia para encerrar o período, saíamos correndo para nos libertar da escola. Estudava no segundo andar e deveria descer três lances de escada. Descíamos de três maneiras: primeira e mais convencional, degrau por degrau; segunda, literalmente quicando a cada degrau, descíamos sentados; e, terceiro, usando a mochila como espécie de carrinho de lomba.
Acredito que, no dia em que aprendi a dar nó, desci entre segundo e terceira opção, pois, caso tivesse optado pela primeira um incidente grave tinha grande probabilidade de acontecer. Passado os lances de escada, a liberdade estava próxima. Cheguei ao corredor final e despontei pela porta. Naturalmente sai correndo. Porém, um grito freou meu ímpeto libertário: Eduardo! Volte já aqui!
Logo imaginei: fui injustiçado, ou, pegaram alguma infração de outrora. Matutava qual seria minha penitencia. Chamar meus pais?

Voltei-me para ver quem chamou. Meu pior pesadelo: diretora. Fui de encontro a ela cabisbaixo. Ela então falou: menino! Correr com tênis desatado. Você poderia ter se machucado. Não sabe amarrar os tênis?
Respondi que não. Então ela continuou: preste atenção. É só cruzar, passar por dentro e laçar eles.
Este simples ato revelou meu modelo de aprendizagem, preferencial: visual.
Desde então, jamais andei com cadarços esvoaçantes, sem nó.

Cito esta historia que aconteceu quando era pequenino para exemplificar o papel do professor. O modesto ato de ensinar um aluno a dar nó. Não subestimem a facilidade do ato. Hoje automático, mas com seis anos, de complexidade impar. Nesta idade “eduardinho” não possuía repertorio motor aguçado, sequer motricidade fina para comandar mãos e dedos.

O papel do professor é muito maior do que simplesmente passar informação ao aluno. As extensas horas com professor são de aprendizado para a vida, afinal de contas, na infância, ainda estamos sob-formação, alicerçando nossas personalidades e conhecimento. E, criação de hábitos e costumes passam pelas mãos dos pais, mas, inegavelmente, professores participam deste processo.

“O professor é o que nos ensina (ensinar é diferente de educar) tudo aquilo que utilizaremos para toda a vida. O professor é símbolo de aprendizado, mudança de mentalidade e desenvolvimento do raciocínio. O professor ensina, transmite conhecimento e habilidades Professores são mestres de suas áreas.” Wanderson Ferreira.

Pais e/ou responsáveis são os “pedreiros” que alicerçam os deveres morais e éticos de seus filhos. Pois, novamente abuso de minha memória. Em outrora o respeito pelo professor era algo inquestionável. Dentro da sala de aula o professor era unanime. Hoje, o aluno não respeita seu mentor. Bem como não respeitam pais e idosos. E, pior, decretam o futuro do professor sob-alegação que, quem mantém o educador é o aluno, no caso o pai. Uma completa afronta ao sistema educacional. Não que o professor esteja em pedestal, intocável. Mas julga-lo, indevidamente, por questões ligadas a notas e presenças é uma afronta ao sistema educacional brasileiro. A educação, sim, deveria vir de casa. Se não vem, estão deturpados nossos conceitos de educar e ensinar.