O Barrense


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Projeto de Mulher Maravilha

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– O que é que tu tá comendo, Laura?
– Pirulito!

Com meio metro de ousadia e ternura e inocência que toda criança tem, ela joga o restante do pirulito no chão.

– Laura!
– Que foi dindo?
– Não pode jogar o pirulito no chão.
– Por quê?
– Vai acabar com o planeta.
– O meu pirulito vai acabar com o planeta?
– Bem, o teu não. Mas imagine se todas crianças resolvessem jogar seus pirulitos no chão? Não seria legal, né?!
– Não sei.
– Acho que é melhor tu juntar ele e colocar no lixo.
– Por quê?

[Por quê as crianças precisam de tantos por quês?]

– Bem, nosso planeta é único, Laura.
– Isso não é verdade. Encontraram um gêmeo da Terra em outra galáxia – me informa a vó da criança. Desnecessario.
– Tu é mentiroso, dindo?
– Não, não sou. É, existe esse outro planeta, mas, ele se chama Kepler. Veja só: KEPLER. Você não vai querer morar num planeta chamado Kepler, vai?!
– Que nome feio, dindo.
– Então, é preciso preservar nosso planeta Terra, de nome bonito, para ele não acabar.
– Não quero morar no planeta Kepler.
– Eu também não. Por isso que não jogo meus pirulitos no chão.
– Tu não joga?
– Claro que não. Além de destruir nosso planeta, o bicho papão vem assustar quem joga pirulito no chão.
– O bicho papão?
– Isso. E ele adora criançinhas que jogam pirulito no chão.
– Onde é que ele tá?
– Ele não tem casa. O paradeiro dele não se sabe, mas, à noite, ele vai ao quarto das crianças desobedientes.
– Ai, ai, ai, não quero o bicho papão no meu quarto.
– Ninguém quer, Laura. Pega rápido essa sobra de pirulito e joga no lixo.

Ela prontamente pega o pirulito e sai correndo para joga-lo no lixo.

– Mãe, mãe, não quero morar no Kepler – diz ela após colocar o pirulito no lixo.
– Mas por quê tu iria morar lá?
– Meu pirulito malvado iria destruir nosso planeta. Acabei com ele jogando ele no lixo. Salvei a Terra, mamãe.
– Aaaaah, meu projeto de Mulher Maravilha.
– Mulher Maravilha? Quem é ela?
– Ela faz exatamente o que tu acabou de fazer.
– Acabar com pirulito’s?
– Quase. Salvar o planeta.

Sai dos braços da mãe e dispara na minha direção.

– Dindo, dindo!
– Calma, que foi?
– Sou projeto de Mulher Maravilha.
– Como assim?
– É que costumo salvar o planeta…


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HA (Heróis Anônimos)

Enquanto isso no salão paroquial de uma igreja qualquer…

– Boa noite, senhores. Sejam todos bem vindos, e lembrando: cada dia é uma vitoria. E, bem, alguém quer começar? Como foi a semana?

[silencio absoluto]

– Ninguém?

[barulho de porta abrindo e passos apressados]

[todos, em coro: Olá Flash!]

– Desculpem o atraso, mas hoje o transito estava infernal.
– Haha. Isso é algum tipo de piada?
– Presumo que não, Sr.Banner.
– O cara é o Flash e esta reclamando do transito, vocês não veem?
– Já tivemos essa conversa.
– Ah, sim! Todos estes anos de servidão a humanidade e como eles nos retribuem? Privando-nos de nossas habilidades naturais. Algo que é inerente a nos.
– Sr. Banner, para nossa e sua segurança é melhor o senhor se controlar. O Hulk esta tanto tempo adormecido que não imagino como reagiria quando for acordado outra vez.
– Calma, paciência, contar ate dez, é só o que me pedem. Vocês não imaginam como me controlo diariamente para não esmurrar meu chefe. Ao menos se ele soubesse quem eu sou, aposto que me respeitaria.
– Sem chance, Coisa verde.
– Cuidado com a língua, Tony Stark. E você continua sendo o homem de ferro, agora esta apenas aposentado. Todos sabem quem é você e te respeitam.
– Esqueceu-se de dizer, que ao contrario de você, sou bilionário, playboy, filantropo e…
– Arrogante, narcisista e egocêntrico. Eu sei.
– Todos nos sabemos que, como é mesmo que você diz? Ah, claro, “exala o perfume da riqueza”.
– Ate tu Brutus, digo, Thor.
– Você sabe que é verdade.
– O que posso dizer? Apenas gosto de aproveitar a vida.
– Hãm, hãm… Não querendo interromper, mas já interrompendo, esse sacrifício vale a pena?
– É, vejam só o Robin como ficou! Não passa de um menino depressivo.
– Isso! Ate suicídio ele tentou.
– A que ponto chegou.
– O Robin é um caso especial, estamos tratando de perto.
– E quanto ao Super-Barriga? Digo, Super-homem? Ele nem se esforça pra sair daquela espelunca que ele chama de sitio e vir às reuniões!
– Ha boatos que ele esta fumando.
– E que largou o emprego.
– Pior, que ele rompeu com a Lois.
– Fiquei sabendo que foi ela quem terminou. Não suportava mais a monotonia.
– Isso explica o atual momento dele.
– Desamores são assim.
– Foco, pessoal, Super-homem é outro caso especial, delicado, a bem da verdade.
– Senhor, somos todos casos especiais. Todos possuimos características peculiares. Reagimos de maneiras diferentes. Você não pode tratar um a um, ou corre o risco de um de nós fugir do seu controle, ou no caso do Sr. Banner, do próprio controle. É arriscado, Prof. Xavier.
– Exato, arriscado. Mas firmamos o pacto com os humanos. Nada de super heróis. Nada. Sem exceção.

[burbirinho ao fundo: ele tem razão, o que pensariam de nos, heróis, se quebrássemos nossa promessa]
– …
– E… Alguém tem noticias do aranha?
– O garoto evaporou. Estourou o limite de faltas no colégio.
– Minhas fontes me informaram que ele sofria bulling diariamente. Hoje não sai mais do quarto. Dizem ter fobia social.
– Presumo que seja outro caso delicado, Xavier.
– Sem charadinhas, Stark.
– Professor, e quanto ao meu caso? Pode me transferir? Não suporto mais aquele babaca. Todo dia largando indiretas. Ofendendo-me. Você acredita que ele fica atrás de mim? Supervisionando meu trabalho e dando cutucadas quando cometo algum erro?
– Bem, Sr. Banner, verei o que posso fazer.
– Muito obrigado, Professor.
– Pessoal, reunião proveitosa, obrigado por terem vindo. Espero que continuem segurando as pontas. Lembrem-se: cada dia é uma vitoria.

[Flash cochicha para Batman: – E tudo isso só porque cheguei atrasado, hehehe. E vocês ainda dizem que eu só corro.]