O Barrense

Rocha Lunar IV

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Lunar estava prestes a sair do parque, quando…

– Rocha Lunar…
Disse uma voz sombria. Escondida nas sombras, mas estranhamente familiar.

– Proteu?
– Na mosca.
– Mas… Mas…
– O gato comeu sua língua, Lunar? Não esta me reconhecendo?

Proteu sai das sombras. Sua silhueta mais do que reconhecida. Tão soturno quanto lhe é possível.


– Garoto, corra. Corra o mais rápido que puder.
– Mas Lunar…
– Garoto, faça o que estou pedindo.  O encontro a seguir ocorreu mais cedo do que pensava e não imagino o que possa acontecer.

Jack atendeu ao pedido de Lunar e correu. Afastando-se do parque rapidamente.


Proteu. Um ex-capitão da galáxia. Oriundo da Lua de Netuno, distrito secundário dos capitães, tinha responsabilidade manter o equilíbrio nos confins da galáxia. Mas, por motivos que desconhecemos, rompeu com seu juramento. Migrou para a tirania dos vilões e hoje alastra o pavor pela galáxia. “


No subterrâneo da base militar…

Nunca compreendi o porquê da base militar estar instalada no subsolo. Por acaso somos minhocas? Ou aqueles vermes malditos
Por Deus, porque o subterrâneo? Essas paredes, parecem, parecem, que encolhem. Mal consigo respirar.

– Major, tudo bem?
– Claro, soldado. Porque não estaria?
– Bem…
– Bem o que?
– O senhor criou um oceano sob seus pés. Sua camisa esta encharcada. Seu rosto nitidamente tenso. É o problema com os alienígenas?
– Humpf… Claro, os alienígenas. Uma ameaça a nos, terráqueos.
– Compreensível, senhor. Comovente sua preocupação com a humanidade.
– Obrigado, soldado, e se não se importa, preciso de ar fresco. Licença, vou subir.

Enquanto caminhava o Major sentia as paredes encolhendo a sua volta. O ar escasso. Finalmente terminou sua jornada encontrando o elevador. A subida foi rápida e claustrofóbica. Mas enfim encontrava a vastidão do mundo.

No subsolo…

– Você reparou no Major?
– Claro. Quem não reparou? Corre o boato que ele tem claustrofobia. Odeia ficar em aviões, elevadores e, aparentemente, nosso subterrâneo.
– Isso explica suas sucessivas recusas em trabalhar aqui. Freando sua ascensão na carreira militar.
– Uma verdadeira pena.

Na sala em que Mungo esta confinado…

– Ó céus, ó vida, quer dizer que sou prisioneiro? Mesmo sendo parceiro do herói?
– Não diria prisioneiro, mas, suspeito.
– Suspeito? De qual crime? Salvar a terra?
– Bem, Mungo, compreenda: há pouco tempo nós sequer imaginávamos que havia vida extraterrestre, quiçá tão perto de nós.
– He-he, verdade. Ate bem pouco tempo vocês se achavam o centro do universo.
– Sim! Então imagine como estamos confusos. A principio achamos que estávamos sob invasão alienígena.
– Hahahahahahahaha, vocês humanos são impagáveis. Invasão alienígena. Espere eu contar isso pro Lunar. Alias, onde ele deve estar?
– Esperávamos que você pudesse nos dizer…
– Sou apenas o computador central de uma espaçonave. Não tenho super poderes.
– Por falar em super-poderes, Lunar os tem?
– Ah, ooooh, ho, ô si tem. Lunar. Capitão Rocha Lunar. Dê alguns anos a ele e será capitão em Marte. O planeta vermelho. A sede da companhia.
– Marte? Há vida em Marte?
– Vida? Pelos anéis de saturno. Tudo gira em torno de Marte. Diria que é o centro comercial da galáxia. O quartel general. Onde tudo é planejado, arquitetado. Logo, logo Lunar estará em Marte. Mas antes…
– Antes?
– A Terra ¬¬
– Nós?
– É. Aquela historia de proteger os mais fracos e oprimidos.
– Nós fracos e oprimidos? Você não imagina nossas armas, o potencial delas.
– A defasada energia nuclear, suponho?
– Defasada?
– Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaai. Isso é piada? Paramos de usa-la a séculos. Você não imagina o quanto ela é poluente.
– É, é, acho que estão me chamando ali.

“Esse Mungo, parece que a raça deles é infinitamente mais evoluída que a nossa”


Na semi escuridão do parque…

– Vi você morrer em Marte…
– Você viu o que queríamos que visse, Lunar.
– Mas vocês foram derrotados.
– Nos sacrificamos visando uma causa mais nobre.
– “Causa nobre”?
– A galáxia. Iniciando pela Terra.

Em suas entranhas Lunar sente algo assombrar-lhe.

– Só por cima do meu cadáver.
– Não complique Lunar.
– Eu? Complicando? Sua horda que teima em nos seguir.
– E quanto a vocês? Não cansam de, como é mesmo o lema dos capitães do Universo? Ah, lembrei “proteger o Universo acima de qualquer coisa”. Não vê que a raça humana esta se afogando em seus próprios pecados.
– Todos merecem uma segunda chance.
– Concordo, Lunar. A Terra agradeceria  uma nova era sem humanos. Pois, se eles continuarem habitando este planeta não haverá nada. Recorda dos dinossauros?
– Essa baboseira de dinossauros de novo não.
– O mais perfeito exemplo, Lunar. Realizamos nosso trabalho e veja a Terra hoje, viva. Mas em breve não será assim e é por isso que estamos aqui, para reeditar o que aconteceu com os dinossauros.
– O futuro não foi escrito, Proteu.
– Pelos anéis de Saturno, Lunar. Novamente esse discurso?
– E quanto a você e sua trupe? Não cansam de propagar o caos?
– Ingenuidade sua, Lunar. Apenas aceleramos o processo natural das coisas.
– Agora rotularam de “processo natural”…
– Pois bem, Lunar, chega dessa lenga-lenga, ofereço a você a chance de voltar a seu planeta sem um arranhão sequer. Intacto.
– Sem chance.
– Lunar, meu caro, você esta sozinho, deixe este planeta perecer em nossas mãos. Assista de camarote, na Lua.
– Vocês não desistem mesmo…
– Vejo que não ha acordo.
– Com estes termos, não.
– Uma pena, Lunar…

Proteu sequer terminou suas palavras e lançou-se sobre Lunar…

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