O Barrense

Cafajestes

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Os cafajestes são diferentes. Não possuem dó nem piedade. Desmancham casamentos sem remorso algum. Aproveitam-se de mulheres casadas – mundialmente conhecidas pela fragilidade do matrimonio e na certeza de que dez mais dez são vinte, elas sempre caem na tentação, é apenas questão de encontrar o cafajeste certo.

Ele perambulam nas sombras, são rasteiros. Você os conhece de longe e mesmo assim se deixa levar. Ele possui o traquejo na ponta da língua. A malemolência em gestos. O sorriso não engana, de fato, a canalhice está em seu DNA. O cafajeste fala o que a mulher quer ouvir, não necessariamente a verdade.

São raros, os cafajestes. Quando Dominam a artimanha da conquista guardam apenas para si. Não divide com ninguém. É seu mantra. A religião de um homem só.

Duelar com ele é páreo corrido. Melhor tirar seu cavalo da pista. Possuem sistemas que apenas eles compreendem e, sem lógica alguma, funcionam.

Eles são difíceis, os cafajestes. Reúnem-se em lugares certos, em várias partes do mundo, mas não se olham nos olhos. Trocam lamúrias e reminiscências, como em qualquer confraria de especialistas, mas é como se estivessem sozinhos. De vez em quando levantam a cabeça e olham e voltam, à procura de uma possível vitima. Se lhes perguntarem: “Conhece outro canalha?”, terão que responder:

– Só conheço eu mesmo.

E se insistirem, “Me disserem que o Fulano ainda joga…”, responderão:

– Não, se aposentou. De cafajeste só conheço eu mesmo.

Eles são sombrios, os cafajestes. Só falam nos companheiros mortos ou nos que pararam, os outros são concorrentes. Cafajeste bom e vivo só conheço eu mesmo.

Bebem. Afogam-se em copos e garrafas. A desculpa? Veem a sua amada no fundo do copo, se afogando e bebem para salvá-la. Misteriosamente ela some quando o líquido chega ao fim.

Falam do casamento com desdém e de semelhantes “traíras” só antes de cuspir. Eles têm pesadelos. Sonham com a marcha nupcial, o padre, a igreja, o sim, o beijo que selara o caótico futuro.

São raros, os cafajestes.

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