O Barrense


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cinco poemas que deveriam ser pra ti

1. vela

a nossa chama se apagou

e nosso amor

vive no mais completo breu

não há mais a gente

sou eu

e você

cada um no seu canto

fisicamente

são metros

alguns passos

emocionalmente

quilômetros

é como se tu estivesse

em Hong Kong

e eu

em Havana

tarde demais

essa ponte aérea não existe

não entre nós

2. to be

o tempo passou
e a gente não conjuga
do verbo
a cama
mais nada

3. ou lago

já doeu tanto
que as ruas
do meu pranto
se fizeram rios
e numa correnteza dessas
sem eu perceber
você se foi
desceu rio abaixo
pra longe
tão longe
que hoje
nem saudade é

4. obra

desabou uma tempestade
dessas de causar estrago
derrubou árvore
destelhou casa
deixou tudo virado num bagunça
o problema
é que foi no meu peito
e o conserto
começa por onde?
se a engenheira era você

5. 007 adolescente

uma pergunta
sem interrogação
é tipo agente
junto
tá errado
então
quer fazer da gente pra sempre?


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Deixa arder

Num jantar regado a vinho barato você repentinamente pergunta:

“você sabe a diferença entre o cigarro que arde entre seus dedos e nós?”

Eu apenas aceno com a cabeça que não sei.

“Absolutamente nada”, conclui ela.

Eu demorei a entender que ali estava decretado nosso fim. Assim, bruscamente. Sem rodeios.

Fomos brasa enquanto durou. Ardeu, queimou e até prejudicou um pouco a nossa saúde. Fomos par com prazo de validade, embora eu achasse que seria pra sempre. Mas, como diria Vinicius de Moraes: “que seja eterno enquanto dure”. E assim foi.

Desde aquele jantar algum tempo já passou. A garrafa de vinho ainda tá pela metade. O cigarro é o mesmo. Seu lugar no sofá segue vazio. Tô “levando”, como diria minha avó. Com você aprendi a não me apegar aos erros do passado. Simplesmente deixo a maré me levar. A vida se encarrega de por as coisas no lugar. Às vezes com mar turbulento, noutras vezes calmo e sereno.

E você passou, demorou mais do que eu imaginava, talvez o tanto necessário, mas passo. E tá mais do que na hora de acender outro cigarro e me deixar queimar por inteiro.


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Eu te escolheria

Acredito em destino e toda a baboseira que os filmes melo-românticos dos anos 90 nos impuseram. Até acho que falta um pouco dessa coisa a essa atual geração. Quando é que deixar de ser brega no romance deixou de ser cool?


Acho que me distanciei bastante do cerne do que me trouxe aqui: você!


Aaaaah, é impossível não se render a esses teus olhos puxados, a tua pele morena e as tuas curvas que me deixam feito um piloto de fórmula-1, ansioso pra te desbravar por inteira.


Foi o destino quem cruzou nossos cominhos. Ou foi pura coincidência. Eu prefiro acreditar nessa coisa de amor de outras vidas. Que uma só não basta pra gente. Precisamos de mais tempo para tirar do papel tudo aquilo que sonhamos juntos.


E assim lá se vai mais uma vida, que gera conteúdo cinematográfico para outras tantas vidas. Em todas elas eu te escolheria, é claro. Não há outra opção.


Por mais que você seja uma completa estranha na próxima encarnação, tem algo em ti que me atrai. Eu não sei explicar exatamente o que. Às vezes é o sorriso. Noutras o olhar. Na última foi a música do Nando Reis que embalou uma vida antepassada.


É difícil explicar o tanto que a gente se ama pra quem já perdeu a fé no amor. Acho que isso não acontece com todos. Esse lance de alma gêmea é raro, não acontece sempre e não se encontra em qualquer esquina, a nao ser que seja você.


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Com Gardel e Galeano em Montevidéu

Estou em alguma viela de Montevideo, acompanhado de Carlos Gardel e Eduardo Galeano. A copa do mundo, essa mesmo realizada no Catar, está prestes a começar. Galeano, meu xará, confessa que está torcendo pelo Brasil. Rapidamente ele se justifica: “sempre torci pelo futebol bonito, aquele de encher os olhos. No passado foi Pelé e Garrincha. Hoje é Neymar e Vinicius Júnior”, diz Galeano

Gardel por sua vez não esconde o amor à pátria Uruguai. Acredita piamente que a celeste tem grandes chances de trazer o título para o extremo sul da América do Sul. “A conquista será uma milonga repleta de reviravoltas. O tricampeonato é inevitável!”, cravou Gardel, com os olhos marejados.

E quanto a mim? Bem, eu temo pelo pior: a Argentina de Messi se sagrar campeã.

Nossos hermanos estão mais fortes do que nunca. Uma mescla de experiência e qualidade. E convenhamos: Messi merece uma copa do mundo em seu currículo, ainda que doa escrever isso.

Diante do meu sofrimento, Gardel compõe um tango, tão sofrido quanto o sentimento daquelas tantas e tantas almas que estavam na final da Copa de 1950, no Maracanã, contra o seu Uruguai.

Galeano me conforta, dizendo que o penar é parte do renascimento da alma. Feito a fênix, ela ressurge ainda mais forte.

Então sofro, até a última gota de seu amargo veneno.

Gardel sorri, pois reconhece esse sentimento que serve de uma fonte inesgotável para sua arte.

Enquanto Galeano se compadece e me abraça. “O vento que sopra no deserto é o mesmo que me confessou um segredo: o futebol está cansado do pragmatismo europeu. A taça está voltando para casa…”

O despertador toca e já não estou mais na companhia de Gardel e Galeano. E muito menos perambulo pelo Uruguai. Estou na minha cama, no interior do Rio Grande do Sul, ainda temendo que aquele baixinho de um metro e sessenta e nova centímetros consiga refazer a rota original da taça e desvia-lá para Buenos Aires.


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Os mistérios da lagoa dos patos

Quem navega pela Lagoa dos Patos junto à praia de fora já observou existência de um navio naufragado. Era da Marinha Brasileira e pegou fogo no dia 16 de dezembro de 1992. Recentemente imagem desse navio foi divulgada nas redes sociais criando curiosidade em muitas pessoas. Este é mais um dos casos do misterioso Mar de Dentro como é conhecido este trecho da Lagoa dos Patos. Nossa redação pesquisou outros casos já divulgados pela imprensa do estado e da região.Formada pelas águas do Guaíba, a Lagoa dos Patos já foi mar de verdade, há 11 mil anos. A lagoa no trajeto entre Guaíba e Tapes é cenário de muitos fatos inexplicáveis que vão de navios invisíveis aos radares, á bolas de fogo que são vistos pelas tripulações das embarcações aos finais de tarde.
Conhecida pelos pescadores como mar de dentro, a Lagoa dos Patos, nas proximidades de Tapes, também é uma espécie de Triângulo das Bermudas. Na região há pelo menos cinco cascos de navios que também naufragaram. O mais recente é do rebocador Arquiteto, que afundou em 2007. Quinze anos antes, um incêndio iniciado na casa de máquinas levou à perda do navio oceanográfico da Marinha, Almirante Álvaro Alberto, cuja parte da estrutura ainda está á vista próximo a rota de navegação.

NAUFRÁGIOS E CARCAÇAS

Uma das embarcações mais modernas da Marinha brasileira – um navio de pesquisa, bem equipado – saiu de Porto Alegre e atravessava a Lagoa dos Patos rumo ao mar. Foi à última viagem do Álvaro Alberto, um navio oceanográfico que pegou fogo e hoje é um ferro-velho encalhado bem no meio da lagoa. Vinte horas de incêndio consumiram todos os equipamentos. Ninguém saiu ferido. Da embarcação, quase nada restou.

Além do convés, só se vê um par de torres nas águas turvas da lagoa. A Marinha diz que o incêndio teria começado na praça de máquinas e que o fogo não pôde ser controlado. O navio que virou sucata parece estar em mar aberto. A lagoa tem 280 km de comprimento e 60 km de largura. É sete vezes maior do que a cidade de São Paulo.

Na segunda metade da década de 1980, há ainda o registro do naufrágio das embarcações Jaci e Rio Negro – este resultado de um encalhe, segundo a Marinha, além de outra embarcação não identificada no Pontal de Santo Antônio.

AVIÕES E OVNIS

Também houve acidente com um caça da Força Aérea que sumiu na Lagoa. Ocorreu em 28 de julho de 1982. Durante um exercício rotineiro sobre a Lagoa dos Patos, no fim da manhã, o F-5 prefixo 4831, pilotado pelo tenente Edson Macedo, simplesmente desapareceu.
Foram realizadas buscas durante duas semanas numa área da lagoa 70 quilômetros a sudeste de Porto Alegre. Edson e o avião, porém, jamais foram encontrados. A hipótese mais provável para o acidente é que o piloto tenha sofrido algum tipo de desorientação espacial, pode ter descido em vez de subir, e mergulhado de nariz na água.
Houve também casos de OVNIS-Objetos voadores não identificados. O empresário pelotense, Haroldo Westendorff, administrava uma empresa de beneficiamento de arroz, uma transportadora e uma fábrica de rações. Nas horas de folga costumava pilotar o seu próprio avião monomotor Tupi. Foi num desses momentos de lazer que o empresário viveu uma experiência intrigante.Às nove horas, logo depois de tomar o café da manhã, ele decolou do aeroporto de Pelotas para mais um passeio. Às 10h15, quando sobrevoava a ilha de Saragonha, na Lagoa dos Patos, a cerca de 15 quilômetros do aeroporto, Westendorff deparou-se com um imenso objeto aéreo não identificado. Haroldo afirma que o objeto tinha uma base do tamanho de um estádio de futebol, com cerca de 100 metros de diâmetro, e de 50 a 60 metros de altura. Diz ainda que tinha a forma de um cone, com os vértices arredondados.
Por 12 minutos, o empresário permaneceu voando ao redor do OVNI, a uma distância de aproximadamente 100 metros.
Deu três voltas ao redor da nave e pôde observar seus detalhes. Era feita de algo parecido com metal, com a parte inferior lisa e oito vértices, que tinham cada um três saliências, como bolhas. A nave girava em torno de si própria e se deslocava em direção ao mar. Durante o tempo em que a testemunha permaneceu ao redor do OVNI não percebeu nenhum movimento da nave que pudesse indicar uma reação hostil.
De repente, a parte superior do OVNI se abriu, bem na ponta, e dali saiu um disco voador na vertical, que em seguida se inclinou 45 graus e disparou para cima numa velocidade impressionante. Assustado, Haroldo se afastou da nave.
Nesse momento, aquele objeto enorme subiu na vertical, numa velocidade fora do comum, sem fazer vento, sem ruído de explosão e sem nenhuma reação física. O fato, ocorrido na manhã de 5 de outubro, impressiona não só pela riqueza dos detalhes descritos por um piloto com mais de 20 anos de experiência como pelo número e qualificação das testemunhas que asseguram ter avistado a mesma nave.

FANTASMAS E ASSOMBRAÇÕES

Casos de fantasmas que se afogaram e surgem para assombrar pescadores e navegadores também é comum. No dia 3 de maio de 1959, o Diário Popular, de Pelotas, noticiava: “MENINO MORRE AFOGADO NA LAGOA DOS PATOS APÓS CAIR DO BARCO DO PAI.”
“Emanuel dos Santos Luz, 7 anos de idade, caiu no início da noite de ontem do barco do pai, o pescador Davi dos Santos Luz, e ao que tudo indica morreu afogado na Lagoa dos Patos. O corpo ainda não foi encontrado. Testemunhas afirmam que viram o menino pedir socorro por três vezes antes de desaparecer nas águas. Em estado de choque, sempre com as mãos na cabeça, o pai de Emanuel repetia essas palavras: ‘Foi o demo! Foi o demo…’ .”
Anos mais tarde, numa noite fria de julho, uma senhora que morava no vilarejo, de nome Aida, acordou os vizinhos aos berros: “Eu vi o menino! Eu vi o Emanuel!” ela dizia. “Da janela eu vi o menino. Ele acenou pra mim de dentro da Lagoa. E deu risada. Depois desapareceu. Eu tinha fome e nenhuma bolacha que fosse dentro de casa. Foi milagre! Milagre! Eu tinha fome, me virei depois de não ver o menino mais e encontrei pão. Olha aqui, toca, pega um pedaço. come. É pão de verdade!”, a mulher mostrava ao povo. Uns a tomaram por doida.
Outros por santa. Para agradecer ao menino, dona Aida construiu um barquinho de madeira. Depositou nele uma vela acesa e uma rapadura e lançou-o às águas da Lagoa.
O pequeno gesto se transformaria num ritual na vila de pescadores próxima ao trapiche. Em cada dificuldade, os moradores recorriam ao menino com rezas, cantos, doces e luzes. Tudo, desde que não fosse absurdo ou egoísta, era atendido.
Nossos pescadores de Tapes e região também contam uma série de fenômenos sobrenaturais e misteriosos que acontecem na Lagoa. O Mar de Dentro já foi motivo de inúmeras reportagens e livros. O mistério e a magia da grande Lagoa dos Patos permanecem insondáveis.


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Entre um chopp gelado e um amor quente

O telefone toca tarde da noite de domingo

~ logo hoje? ~ penso eu…

⁃ Tem como trazer um barril de chopp aqui?

~ me devendo e pedindo mais? Que abuso ~

⁃ Claro, cinco minutos estou ai – respondo eu

E em menos de cinco minutos lá estava eu, levando um barril de chopp que levaria, sendo bem generoso, um mês para receber o pagamento

Que fosse um ano. Aquela foi a melhor noite da minha vida

Entrei no bar, tomei um banho de chopp e reparei alguém rindo. Era uma morena que me encantou a primeira vista. Pode parecer clichê e talvez seja, mas foi assim mesmo que aconteceu

Um encontro de almas, como diz ela hoje, seis anos depois do nosso primeiro beijo

Naquela noite mesmo procurei ela nas redes sociais (somos do interior do Rio Grande do Sul e isso facilita muito, todo mundo se conhece). A partir daquele dia passamos a conversar com muita frequência, mais do que o normal

Atualmente somos noivos, ajuntados (como diz minha vó para quem mora junto e ainda não casou) e vamos ter nosso primeiro(a) filho(a)

LO amor acontece quando menos esperamos e nos locais mais inusitados, recomendo se deixar levar é simplesmente viver, a vida tem dessas coisas: sempre nos surpreende!


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Gol do Bahia

A cerveja estupidamente gelada, o amendoim salgado posicionado estrategicamente e na TV um jogo do campeonato brasileiro prestes a começar, provavelmente de qualidade técnica duvidosa. Era mais uma quinta-feira rotineira na vida da família Simas.

De um lado do sofá, Seu Geraldo Simas, torcedor ferrenho do tricolor gaúcho; no meio, sua filha mais nova, que herdara a paixão pelo Grêmio desde pequena; E na outra ponta do sofá, o genro, igualmente gremista. Enquanto a bola não rola, ali são destiladas teses sobre a vacina da COVID-19, ou qual a lorota mais recente do excelentíssimo presidente da república. A vida em quarentena nunca foi tão monótona, mas a volta do futebol guardava pequenos lapsos de emoção a flor da pele. Bastava o soar do apito para que corações batessem em disparada.

-Hoje buscamos os três pontos e começamos nossa reação, Tito – emendou o sogro, assim que a bola rolou.

-Que assim seja, Seu Geraldo. A zona de rebaixamento é um atoleiro, quanto mais ficamos por lá, mais difícil fica de sair… – rebateu o genro, agoniado com o décimo sexto lugar do seu Grêmio.

-Se for pra começar assunto de rebaixamento, vou deixar os dois sozinhos – rebateu a filha de Seu Geraldo – poucas vezes sofri tanto na vida quanto aquela batalha dos aflitos…

O silêncio se apossou da sala. Ser rebaixado pela terceira vez era algo impensável, ainda que um temor sempre presente. O futebol brasileiro imita o país em que está alojado. Ou seja, sofre de administrações tresloucadas e investimentos dúbios, o tricolor dos pampas não foge à regra. O caso ISL, uma parceria que prometia render muitos títulos, levou o time direto para a segunda divisão.

-Rebaixamento não faz mais parte do dicionário gremista, minha filha! O Grêmio só precisa encaixar. Futebol é igual relacionamento, vive de altos e baixos. O segredo é não se desesperar quanto a fase é ruim. E não se empolgar demais quando tudo é um mar de rosas – disse Seu Geraldo, despejando em palavras todos seus anos de vigência.

Quando de repente… Gol do Bahia.

-Assim não dá! Nessa toada vamos parar na segunda divisão – esbravejou Seu Geraldo, o mesmo homem que há instantes serenamente tinha formulado uma tese sobre a má fase tricolor e de que tudo aquilo iria passar.

Mais uma quinta-feira normal na casa da família Simas.


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Um baseado e uma criança de 5 anos

  • Era um domingo escaldante no hemisfério sul do Brasil. O céu sem nuvens e a escassez de vento desencadeou uma onda de turistas na pacata cidade de Barra do Ribeiro, todos buscando as refrescantes, porém poluídas, águas do Lago Guaíba.
    As praias de água doce daqui se tornaram em verdadeiros formigueiros. Mas, enquanto os pequenos insetos tem uma organização inglesa, por aqui cada palmo de areia era disputado com guarda-sóis e cadeiras numa batalha de colocar inveja até no mais voraz general americano.
    E foi já ao final da tarde que decidi dar um rolê pela orla da praia com minha noiva e sobrinha. Num passo lento e sem compromisso decidimos parar e fazer um lanche. E aqui fica uma dica: não dê milho cozido a uma criança de cinco anos, a chance dela perder uma de seus dentes de leite é enorme.
    Em meio a questionamentos sobre o que é um dente de leite e se nascerá outro em seu lugar, decidimos prolongar o rolê. A caminhada nos levou ao trapiche da cidade, que devido à seca estava com metade da sua estrutura enterrada na areia, parecendo a carcaça de algum animal pré-histórico. Enquanto seguíamos a passos lentos pela estridente madeira, o assunto seguia o tal do dente de leite, até que:
    -Que cheiro é esse? – perguntou a pequena, mudando bruscamente de assunto.
    -Maconha! – disse minha noiva, de bate pronto.
    -O que é maconha, tio?
    Pronto! Estava aí uma questão que até então não havia sido abordada pela pequena e que eu não imaginava ter que explicar tão cedo. E de onde brotou esse cheiro? Algumas risadas chamaram minha atenção e rapidamente reparei que em baixo do trapiche, abrigados do sol e sentados na areia, uma turma de adolescentes queimava um baseado sem pudor nenhum.
    -Tio, maconha é tipo cigarro?
    -Quase isso, mas proibido.
    -Mas se é proibido por que tão fumando?
    -Coisas do Brasil.
    -Que pena, o cheiro é tão bom…
    Minha noiva e eu apenas no olhamos a caímos na gargalhada, a pequenina não entendeu nada e saiu saltitando trapiche a fora. Na volta ela sentiu novamente o cheiro doce da erva e não se conteve:
    -Se é proibido, como eles conseguem maconha, tio?
    -Ana, isso é mais complicado que dente de leite e de onde vem o dinheiro da fada do dente…
    E por mais surreal que pareça o mundo da fantasia e contas de fada, por vezes a realidade consegue supera-lo.