Pode soar démodé, mas centroavantes fazem a diferença. Abundantes em outrora, fadados à extinção em futuro não muito distante. Motivo? Necessário, mas nada romântico. Um baixinho que transborda genialidade; atua no campo de ação do centroavante; possui alcunha de falso-nove. Não é uma clara afronta? Messi aos poucos vai jogando as derradeiras pás de cal no centroavante de oficio.
Se na Europa o nove cai em desuso, ou se “reinventa”, em solo tupiniquim possui vaga cativa no onze inicial. Decreto presente na constituição federal: não ousem iniciar partida de futebol sem centroavante dentro das quatro linhas. Esta “cultura europeia” não deve seguir atrevimento de Cabral. Que permaneça no antigo continente e não atravesse o atlântico.
Lutar pela existência do centroavante é causa perdida? Nenhuma causa é perdida se tivermos um só tolo pra lutar por ela
O camisa 9, centroavante, matador… Utilize a alcunha que desejar. Há uma mística em torno deste clássico jogador, mesmo não usando a “9”, uma afronta ao futebol, ou não sendo um típico “9”.
O “9” tradicional perambula pelos meandros do futebol, independente de esquemas.
Habita a grande área, seu habitat natural, o qual divide com sua presa/predador, o zagueiro. Com o futebol em evolução, o avante segue em sua nau, blindado pelos demais, indiferente a teorias da evolução.
O decreto de atuar com um centroavante ainda perdura. Sua missão é desbravar campos verdejantes em busca do gol.
É o rei da área, chama a responsabilidade para si, bem como preocupação dos adversários.
Em campos de várzea ou arenas colossais, certamente ele esta presente. Trata-se de um personagem folclórico: O centroavante. No gramado é facilmente reconhecido: sua anatomia é “canélica”; andar desengonçado; olhar ao longe;
Os caminhos do gol estão traçados no gramado há anos, desde os primeiros ingleses, e a única coisa a fazer era descobri-los. O avante sabe fazê-lo com maestria. Conhece cada vereda e viela, as tem calejadas na palma da mão.
A malemolência é inerente a sua formação. Afinal, é preciso. Residir na grande área, por vezes solitário, um local insalubre, tremendo, é incumbência para poucos.
Richard Bach imortalizou o que é ser centroavante:
Eis um teste para saber se você terminou sua missão no futebol: se você está vivo, não terminou.
Poste
Este habita exclusivamente a grande área, quando não esta nela é um peixe fora d’agua. Seu forte é a bola aérea, da maneira que ela vier. Tem imposição física, jogador alto e que prende marcação dos zagueiros. É referenciado time para cruzamentos rasantes, chuveirinho, escanteios e faltas.
Exemplo: Marcelo Moreno…
Trombador
Assim como o poste, joga na área, porem, quando é lançado usa de seu avantajado porte físico para combater seus marcadores. Seu codinome é força. Não esbanja qualidade técnica; característica marcante é tapear a bola a frente e dividi-la ombro a ombro.
Exemplo: Adriano Imperador (em seus áureos tempos)…
Pivô
Não se engane, o pivô nos brinda com sua presença no futebol, apesar de ser figurinha carimbada no futsal e basquete.
Obviamente joga de costas para o gol. Sua função é básica, há duas opções: reter a posse de bola e aguardar companheiros; receber de costas e girar finalizando.
Possui maior liberdade de movimentação. Flutua entre meio campo e ataque, puxando consigo a marcação e abrindo brechas.
Exemplo: Borges, Kléber Gladiador, Jô…
Velocista
Peça rara entre avantes. Quem o tem o guarda a sete chaves. Seu posicionamento é entre os zagueiros, endiabrando adversários com sua velocidade descomunal. Abusa de lançamentos e passes em profundidade. Seu ziguezaguear atordoa o time adversário.
Exemplo: Nilmar…
Técnico
Arquétipo de centroavante. Semideus em campos de futebol. Reza a lenda que o Deus máximo do futebol os cria para, de tempos em tempos, revitalizar o futebol, para não perdermos a fé. Seus pés transbordam lances geniais, inacreditáveis, extrapolando o sobrenatural. Midas do futebol, tudo que toca se torna ouro, no caso, lances de extrema plasticidade.
Não se trata de peça rara, é único.
Exemplo: Ronaldo…
Matador
Casamento perfeito, amor à primeira vista. O estilo cafajeste atrai a esférica. Os opostos, realmente, se atraem. Pouco importa a maneira que ela vem, é caixa na certa. Entenda: você, em hipótese alguma, pode retira-lo na partida, pois, bem como o ferro atrai o imã, o centroavante atrai o gol, alias, tem cheiro, faro de gol.
Não tem característica física ou técnica definida. Um mistério para ciência.
Exemplo: Romário, Jardel…
Oportunista
Uma incógnita. Não se sabe o porquê de existir. Não há teoria compreensível do porque ainda perdurar. Sim! Deveria estar extinto. Frivolamente jogar por rebotes e erros do adversário. Atua na penumbra, de soslaio. O que o mantém são seus gols, espíritas. Acredito que seja abençoado por alguma entidade divina, seriam os deuses do futebol?
Esta sempre no lugar certo e no átimo certo.
Exemplo: Alecsandro…
Obs – 1: Alguns centroavantes podem ter ser um conjunto de qualidade e denominações.
Obs – 2: Ressalto que, alusão à cultura de abolir o nove de oficio é tratado platonicamente. Há centroavantes caneludos na Europa.